Mundo

Cuba aprova nova Constituição reconhecendo propriedade privada

Texto recoloca como objetivo nacional o comunismo, termo inicialmente eliminado, e confirma Partido Comunista como "força política" dirigente

Cuba avança na direção de uma economia mista (Spencer Platt/Getty Images)

Cuba avança na direção de uma economia mista (Spencer Platt/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de dezembro de 2018 às 10h06.

Última atualização em 23 de dezembro de 2018 às 10h20.

Havana - O Parlamento cubano aprovou neste sábado, 22, um projeto de nova Constituição que reconhece o papel do mercado e da propriedade privada, mas não renuncia ao comunismo como meta.

Não há menção direta ao casamento homossexual no texto de 229 artigos, que será levado a um referendo em 24 de fevereiro.

A Carta foi aprovada numa sessão que não teve presença da imprensa internacional e foi transmitida com atraso de duas horas aos cubanos. A votação teve a presença do presidente Miguel Díaz-Canel e de Raúl Castro, que ainda comanda o Partido Comunista (PCC).

Um rascunho pré-aprovado em julho foi modificado em 60% após uma série de consultas populares entre agosto e novembro. O texto recoloca como objetivo nacional o comunismo, termo que havia sido eliminado do projeto inicial, e confirma o Partido Comunista como "força política" dirigente.

A insistência no uso do termo comunismo incomodou dissidentes, que convocaram a população a rejeitar a nova Carta em fevereiro. O movimento adotou a hashtag #yovotono.

"Dizer que só o socialismo e o comunismo permitem ao ser humano alcançar sua dignidade plena é uma ofensa à inteligência e uma cegueira total de 60 anos", afirmou a Unión Patriótica de Cuba (Unpacu) em nota enviada à agência AFP.

Cuba avança na direção de uma economia mista. Mais de 591.000 cubanos trabalham por conta própria, 13% da força de trabalho. O texto aprovado neste sábado reconhece o papel do mercado na economia socialista e a propriedade privada, bem como o investimento estrangeiro. Trata-se de um modelo no qual o Estado socialista mantém "as rédeas da economia", disse o secretário do Conselho de Estado, Homero Acosta.

A nova Constituição permitirá a geração de riqueza privada, regulada por um sistema tributário rígido, mas evitará a concentração de propriedade.

Cuba está aberta a receber milionários, especialmente após a recente assinatura de um acordo que permite aos jogadores de beisebol cubanos que moram na ilha jogar em ligas nos EUA.

O controvertido casamento homossexual, que teve caminho aberto no projeto original e foi rejeitado pela maior parte da população, estará permitido indiretamente. O casamento passa a ser reconhecido "como uma instituição social e legal" e não como uma "união entre duas pessoas", expressão que substituiria o atual "entre um homem e uma mulher".

Após longo debate, a escolha do presidente seguirá a orientação de Raúl Castro em 2011. O líder é escolhido pelo Parlamento, dominado pelo Partido Comunista, e pode ter dois mandatos de cinco anos. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Cuba

Mais de Mundo

Drone ucraniano atinge prédio de 37 andares na Rússia; veja vídeo

Sobe para cinco o número de mortos em ataque a Mercado de Natal na Alemanha

Volkswagen fecha acordo com sindicatos para cortar 35 mil postos de trabalho na Alemanha

Pandemia traz lições de como lidar com tarifas de Trump, diz professor de inovação no IMD