Cruzeiro: o "Grand Princess" partiu de San Francisco e interrompeu sua viagem de duas semanas depois que alguns de seus 3.533 passageiros e tripulantes apresentaram sintomas (California National Guard/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 8 de março de 2020 às 13h54.
O cruzeiro, no qual viajam 21 pessoas contaminadas com o novo coronavírus, recebeu permissão no sábado à noite (7) para atracar, enquanto o estado de Nova York declarou situação de emergência para combater a epidemia.
O navio poderá atracar na segunda-feira (9) em Oakland, no norte da Califórnia, e começará a desembarcar os passageiros que precisarem de "tratamento médico intensivo e de internação", disse ontem a Princess Cruises, empresa proprietária do navio.
Os 1.100 membros da tripulação serão postos em quarentena e tratados a bordo, afirmou a companhia.
A Princess Cruises também é dona do "Diamond Princess", a embarcação posta em quarentena no Japão, em fevereiro, com mais de 700 infectados. Deste total, seis pessoas morreram.
As autoridades mantiveram o cruzeiro longe da costa, depois de serem informadas da morte pela Covid-19 de um senhor de 71 anos, que havia participado de um trecho da travessia, ao voltar para a Califórnia.
O "Grand Princess" partiu de San Francisco e interrompeu sua viagem de duas semanas depois que alguns de seus 3.533 passageiros e tripulantes apresentaram sintomas.
Dos 45 testes feitos a bordo, 21 deram positivo: 19 membros da tripulação e dois passageiros.
Dos 2.422 passageiros, 2.016 são americanos, entre eles 938 californianos. Os demais são de 54 nacionalidades, informou o presidente da Princess Cruises, Jan Swartz.
Ontem, o vice-presidente Mike Pence afirmou que todos os passageiros e a tripulação do navio serão examinados e, se necessário, postos em quarentena.
Mais de 400 pessoas contraído o vírus nos Estados Unidos, e houve pelo menos 19 mortes, conforme dados oficiais. O estado de Nova York foi o último a decretar a emergência, após detectar 89 casos. Os cancelamentos de eventos públicos estão aumentando.
As autoridades de Maryland anunciaram dois casos entre os participantes da reunião anual dos conservadores (CPAC), entre 26 e 29 de fevereiro, perto de Washington. O presidente Donald Trump e seu vice, Mike Pence, estiveram neste evento.
Ao ser questionado sobre se está preocupado que o novo coronavírus chegue à Casa Branca, Trump disse "de forma alguma". Também descartou reduzir seus compromissos e seus "comícios enormes" em sua campanha eleitoral.
"Vamos ter comícios incríveis e estamos indo muito bem. Estamos fazendo um trabalho fantástico em relação a esse tema", comentou.
Em sua página on-line não há, porém, eventos programados para os próximos dias.
A fala de Trump surge no momento em que o número de casos de contágio confirmados passa de 400 nos EUA, com 19 mortes até o momento. A maioria delas é no estado de Washington, no noroeste do país.
As autoridades confirmaram o primeiro caso em Washington, D.C.: um morador, na faixa dos 50 anos, sem histórico de viagens internacionais e sem contatos - que se saiba, ao menos - com pessoas infectadas.
Os Centros de Controle de Doenças (CDCs, na sigla em inglês) advertem contra grandes aglomerações e pedem, em especial aos idosos, que permaneçam em suas casas o máximo possível.
Trump foi bastante criticado por contradizer reiteradamente as declarações dos especialistas de seu próprio governo sobre o novo coronavírus.