Mundo

Cronologia de um ano turbulento para a Fifa

Denúncias envolvem corrupção na escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022 e a campanha presidencial da federação

Joseph Blatter, atual presidente da Fifa e candidato à reeleição (Julian Finney/Getty Images)

Joseph Blatter, atual presidente da Fifa e candidato à reeleição (Julian Finney/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2011 às 07h25.

Zurique - A seguir, a cronologia de um ano turbulento para a Fifa, com denúncias e suspeitas, sobretudo com relação às sedes dos Mundiais de 2018 e 2022, e à campanha para a votação do novo mandato presidencial:

16 de maio de 2010 - O responsável pela candidatura da Inglaterra para a Copa do Mundo de 2018 ou 2022, David Triesman, apresentou sua demissão, após ter acusado Espanha e Rússia de corrupção.

A saída de Triesman em pleno processo de escolha das sedes de 2018 e 2022 foi a consequência de revelações publicadas por um jornal britânico, segundo as quais uma ex-amante dele divulgou uma gravação na qual o presidente da Federação Inglesa acusava a Rússia e a Espanha de corrupção para impedir que a Inglaterra vencesse.

17 de outubro de 2010 - O jornal britânico Sunday Times lançou uma investigação, intitulada "Copa do Mundo, votos à venda".

Segundo o jornal, o taitiano Reynald Temarii, membro do Comitê Executivo da FIFA, teria pedido 1,6 milhão de euros para uma academia esportiva em troca de seu apoio a uma candidatura para organizar um Mundial.

O nigeriano Amos Adamu, outro membro do Comitê Executivo, havia reivindicado 570.000 euros para apoiar uma candidatura. O jornal inglês afirmou tê-lo filmado em encontro com jornalistas, que disseram trabalhar para um consórcio americano.

18 de novembro de 2010 - Temarii e Adamu foram suspensos (três anos no caso de Adamu, um no caso de Temarii) pela comissão de ética da FIFA.

30 de novembro de 2010 - A BBC aprofundou ainda mais o tema em seu programa Panorama, questionando três membros muito influentes do Comitê Executivo: o brasileiro Ricardo Teixeira, o camaronês Issa Hayatou, presidente da Confederação Africana (CAF) e membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), e o paraguaio Nicolás Leoz, presidente da Confederação Sul-americana (Conmebol).

Teixeira, Hayatou e Leoz teriam, segundo a BBC, se beneficiado de pagamentos ilegais de parte da International Sports and Leisure (ISL), uma empresa de marketing que havia conseguido a exclusividade dos direitos durante vários Mundiais, antes de sua liquidação em 2001.

2 de dezembro de 2010 - Rússia e Catar são os escolhidos para organizar os Mundiais de 2018 e 2022, respectivamente. A Rússia supera sua desvantagem de infraestrutura e se impõe aos favoritos Espanha/Portugal e Inglaterra, além de Bélgica/Holanda, enquanto o Catar, apesar das dúvidas suscitadas pelo calor no verão do Golfo Pérsico, supera Japão, Estados Unidos, Coreia do SUl e Austrália. Vozes críticas de vários setores se levantam contra estas decisões. A FIFA responde que sua política é a abertura para novas regiões.

10 de maio de 2011 - Novas acusações de corrupção por parte de uma Comissão de Investigação do Parlamento britânico, vinculadas à atribuição da organização dos Mundiais 2018 e 2022.

Segundo o deputado Damian Collins, alguns elementos ainda não divulgados da investigação feita pelo semanário Sunday Times provariam que o camaronês Issa Hayatou, presidente da CAF (Confederação Africana), assim como outro membro do Conselho Executivo da mesma, o marfinense Jacques Anouma, teriam negociado seu voto por Catar-2022.

"A investigação do Sunday Times diz que foi pago 1,5 milhão de euros aos membros do Comitê Executivo da FIFA, Issa Hayatou e Jacques Anouma, que votaram pelo Catar", afirmou Collins.

Por sua vez, o ex-presidente do Comitê de Candidatura Inglesa ao Mundial de 2018, Lord David Triesman, acusou perante a Comissão investigadora, certos membros da FIFA, aos quais acusou de comportamento "incorreto e antiético".

Em particular, citou Jack Warner, presidente da CONCACAF, além do presidente da CONMEBOL, o paraguaio Nicolás Leoz, e seus colegas da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, e da entidade tailandesa, Worawi Makudi.

25 de maio de 2011 - A comissão de ética da FIFA anunciou que investigaria o catariano Mohamed Bin Hammam, presidente da Confederação Asiática, e o trinitino Jack Warner, presidente da CONCACAF, por "possíveis violações" do código de ética e "alegações de suborno" no âmbito das eleições à presidência.

A federação internacional suspeita que pode ter havido corrupção em uma reunião entre a União Caribenha de Futebol (CFU), organizada por Jack Warner, e Bin Hammam, para conseguir votos para este frente às eleições para a presidência da FIFA, em 1º de junho, nas quais o atual ocupante do cargo, Joseph Blatter, disputa a reeleição.

26 de maio de 2011 - Blatter é investigado pela comissão de ética da FIFA, após ser acusado por Bin Hammam de estar a par, através de Warner, de que subornos seriam pagos.

29 de maio de 2011 - A FIFA decidiu não investigar Blatter pela acusação de Bin Hammam, enquanto o catariano permanecerá suspenso durante a investigação.

Esta suspensão também se aplica a Jack Warner e a dois responsáveis da confederação caribenha de futebol, y a dos responsables de la confederación caribeña de fútbol, Debbie Minguell e Jason Sylvester, por sua investigação na reunião da Confederação Caribenha, na qual teriam sido pago subornos para influenciar no resultado das eleições.

29 de maio de 2011 - Mohamed Bin Hammam anunciou sua retirada da corrida para presidir a Fifa.

29 de maio de 2011 - Jack Warner denunciou em um comunicado uma "doação" de um milhão de dólares de Joseph Blatter para a Concacaf.

30 de maio de 2011 - A Fifa arquivou por falta de provas o caso das acusações de suposta corrupção, feitas pelo presidente da candidatura inglesa ao Mundial-2018, David Triesman, contra os titulares da Conmebol, o paraguaio Nicolás Leoz, da Concacaf, o trinitino Jack Warner, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e da Federação Tailandesa, Worawi Makudi.

30 de maio de 2011 - Jack Warner revela uma troca de e-mails com o secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke, na qual ele teria afirmado que os catarianos queriam comprar a Fifa como teriam feito com a sede do Mundial-2022. Valcke reconhece a existência deste e-mail, mas fala de uma mensagem de caráter informal, tirando seriedade e veracidade às suas palavras.

Acompanhe tudo sobre:Copa do MundoCorrupçãoEscândalosEsportesFifaFraudesFutebol

Mais de Mundo

Trump avalia adiar proibição do TikTok por 90 dias após assumir presidência dos EUA

Rússia admite ter atingido alvos em Kiev em retaliação aos ataques de Belgorod

Mídia americana se organiza para o retorno 'vingativo' de Trump

'Vários feridos' em acidente com teleférico em estação de esqui na Espanha