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Críticas ao Exército aumentam na Rússia após novos ataques da Ucrânia

Número de russos mortos em ataque na véspera de Ano-Novo subiu de 63 para 89

Bombardeio na Ucrânia: após ataque ucraniano, população russa começa a criticar Exército do próprio país (Anadolu Agency/Getty Images)

Bombardeio na Ucrânia: após ataque ucraniano, população russa começa a criticar Exército do próprio país (Anadolu Agency/Getty Images)

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AFP

Publicado em 4 de janeiro de 2023 às 11h30.

Última atualização em 4 de janeiro de 2023 às 11h43.

A Rússia elevou nesta quarta-feira, 4, para 89 o número de mortos no ataque ucraniano na véspera de Ano-Novo na cidade de Makeyevka, na região anexada de Donetsk, aumentando as críticas ao comando militar.

O balanço inicial de 63 vítimas foi revisado após a descoberta de novos corpos entre os escombros da base militar atacada às 00h01 de 1º de janeiro, informou o general russo Serguei Sevriukov em um vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa.

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Segundo o general, o "principal motivo" do ataque foi "o uso de telefones celulares" por parte dos militares, o que revelou sua localização.

Sevriukov garantiu que "foram tomadas as medidas necessárias para evitar trágicos incidentes no futuro" e que "os responsáveis serão responsabilizados".

Este foi o maior número de mortos em um único ataque reconhecido por Moscou desde o início de sua ofensiva em fevereiro e ocorre após uma série de derrotas militares.

Segundo a imprensa russa, as vítimas eram recrutas, ou seja, soldados não profissionais.

"Impunidade"

O anúncio do balanço revisado provocou uma nova onda de críticas ao comando militar russo, já visado por correspondentes e comentaristas russos na segunda e terça-feira por sua "incompetência".

A chefe da rede RT, o braço de propaganda internacional do Kremlin, pediu a publicação dos nomes dos comandantes russos e "suas responsabilidades".

"É hora de entender que a impunidade não leva à harmonia social. A impunidade leva a novos crimes. E, consequentemente, à dissensão pública", escreveu Margarita Simonian no Telegram.

Por sua vez, o líder separatista pró-russo Denis Pushilin elogiou o "heroísmo" dos soldados sobreviventes, que "arriscaram sua vida" para "resgatar seus companheiros" sob os escombros.

LEIA TAMBÉM: Rússia culpa uso de celulares por ataque ucraniano que matou 89 militares

Segundo o Exército russo, o ataque foi realizado com sistemas de mísseis HIMARS, um armamento fornecido pelos Estados Unidos à Ucrânia que permite ataques atrás das linhas inimigas.

O Estado-Maior ucraniano confirmou sua autoria e o departamento de comunicações estratégicas do Exército reivindicou um número de mortos muito maior.

Segundo o Ministério da Defesa britânico, dada a destruição ocorrida na base, "existe uma possibilidade realista de que munições estivessem armazenadas perto dos compartimentos das tropas".

Os correspondentes de guerra russos acusaram os comandantes russos de não aprender com seus erros do passado e de transferir a culpa para os soldados.

A conta Rybar no Telegram, que possui 1 milhão de seguidores, chamou de "criminosamente ingênuo" o Exército armazenar munição próximo aos dormitórios.

"A dor nos une"

Em um evento incomum na Rússia, onde os poderes públicos costumam manter o silêncio a respeito das baixas militares na Ucrânia, cerca de 200 pessoas se reuniram na terça-feira para homenagear os mortos em Samara (centro), de onde eram originários alguns dos soldados falecidos.

"É muito difícil, é assustador. A dor nos une", declarou Ekaterina Kolotovkina, que lidera um grupo de esposas de militares, na cerimônia realizada em uma igreja ortodoxa.

Durante o ato, soldados realizaram disparos em memória das vítimas, enquanto os demais participantes distribuíram rosas e deixaram flores em uma praça no centro da cidade.

O presidente russo, Vladimir Putin, ainda não reagiu publicamente.

Na frente de combate, as hostilidades continuam nesta quarta-feira com bombardeios em Kramatorsk (leste), Zaporizhzhia e Kherson (sul) e combates em Bakhmut (leste), um dos atuais pontos quentes do conflito.

O general russo Sevriukov afirmou que suas forças destruíram vários lançadores HIMARS na cidade de Druzhkivka, em Donetsk, e reivindicou pesadas perdas entre as tropas de Kiev.

A Ucrânia, por sua vez, reportou apenas uma morte e a destruição de um rinque de patinação no gelo.

Na península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, o governador da cidade de Sebastopol, Mikhail Razvojayev, informou que a frota russa repeliu um ataque de drones, dos quais dois foram abatidos.

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