Para mim, ter uma foto com o Erdogan não era sobre política ou eleições, era sobre eu respeitar o cargo mais alto do país da minha família, disse Ozil (Michael Dalder/Reuters)
Reuters
Publicado em 23 de julho de 2018 às 11h16.
Última atualização em 23 de julho de 2018 às 11h23.
São Paulo - O meia alemão Mesut Ozil anunciou sua aposentadoria do futebol de seleções com efeito imediato neste domingo, alegando o que ele considerou ser discriminação injusta em torno de seu encontro com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan em maio.
Ozil, de 29 anos, integrou a seleção alemã que foi eliminada na fase de grupos da Copa do Mundo na Rússia e foi alvo de críticas por suas atuações, bem como por seu encontro com Erdogan, acusado de violações de direitos humanos.
O armador do Arsenal tem ascendência turca e defendeu suas ações em uma declaração longa, na primeira vez em que abordou publicamente o assunto.
"Para mim, ter uma foto com o presidente Erdogan não era sobre política ou eleições, era sobre eu respeitar o cargo mais alto do país da minha família", disse Ozil em um comunicado no Twitter.
"Meu trabalho é como jogador de futebol e não como político, e nosso encontro não foi um endosso de nenhuma política."
"O tratamento que recebi da DFB (Federação Alemã de Futebol) e muitos outros me faz não querer mais usar a camisa da seleção alemã", acrescentou Ozil.
"Sinto-me indesejado e penso que o que eu conquistei desde a minha estreia pela seleção em 2009 foi esquecido."
"As pessoas com histórico de discriminação racial não deveriam poder trabalhar na maior federação de futebol do mundo que tem jogadores de famílias de herança dupla. Atitudes como a deles simplesmente não refletem os jogadores que supostamente representam."
"É com o coração pesado e depois de muita consideração que, devido aos recentes acontecimentos, deixarei de jogar pela Alemanha a nível internacional, enquanto tenho este sentimento de racismo e desrespeito", acrescentou.
"Eu costumava usar a camisa alemã com tanto orgulho e emoção, mas agora não o faço."