O anúncio sobre a YPF se concretizou após uma série de fatos que causaram polêmica no país (Jeff Zelevansky/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2012 às 21h10.
Buenos Aires - A presidente argentina, Cristina Kirchner, liderará nesta sexta-feira um grande ato em um estádio de Buenos Aires, em uma demonstração de força enquanto avança o projeto de lei para a desapropriação de 51% das ações da companhia petrolífera YPF, controlada pela espanhola Repsol.
Várias organizações governistas, entre elas ''La Cámpora'', liderada pelo filho da governante, Máximo Kirchner, convocam para o comício que será realizado no estádio Vélez Sarsfield e para o qual será mobilizada a poderosa estrutura do governante Partido Justicialista (PJ, peronista).
Militantes ''kirchneristas'' alinhados a autoridades nacionais, governadores, prefeitos e organizações políticas irão ao encontro com o qual Cristina tenta renovar o apoio popular, no meio da controvérsia internacional causada por sua decisão de expropriar a maior parte do capital acionário da YPF, maior empresa do país.
''Será uma grande festa popular. Reformamos a Carta do Banco Central e recuperamos a YPF em quatro meses. Há muito a festejar, para mostrar que estamos firmes atrás da liderança de Cristina no processo de transformação do país'', disse o chefe de Gabinete argentino, Juan Manuel Abal Medina.
A Câmara dos Deputados começou nesta quinta-feira a debater o projeto de lei para a nacionalização da companhia petrolífera depois que o Senado aprovou a iniciativa com um amplo respaldo.
A medida, anunciada por Cristina no dia 16, causou uma forte rejeição da Espanha, apoiada pela União Europeia, mas conta com um amplo respaldo da população argentina, segundo enquetes recentes.
O anúncio sobre a YPF se concretizou após uma série de fatos que causaram polêmica no país, como a reforma da carta orgânica do Banco Central argentino, que permite ao Tesouro dispor de mais recursos para pagar dívidas, e a investigação judicial que envolve o vice-presidente argentino, Amado Boudou, pelo suposto uso de sua influência na disputa pela impressão de cédulas de pesos.
A imagem do governo também foi afetada pelo acidente de trem em fevereiro deste ano, em um dos principais terminais de Buenos Aires, que causou a morte de 51 pessoas e mais de 700 feridos, além de pôr em evidência o péssimo estado da rede ferroviária e erros nos controles estatais.
''O ato é realizado quando completamos nove anos desde que os argentinos iniciaram um caminho diferente, quando o ex-presidente Néstor Kirchner (marido e antecessor de Cristina) veio pôr fim a décadas de neoliberalismo, fome e pobreza'', opinou Abal Medina.
O encontro coincide com a data das eleições presidenciais de 2003, nas quais Kirchner obteve o segundo lugar no primeiro turno e saiu vitorioso após o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), renunciar à disputa.
Além disso, este é o primeiro grande comício do ano depois que em dezembro Cristina assumiu seu segundo mandato, após ganhar as eleições de outubro com 54% dos votos e uma ampla vantagem sobre a oposição.
Nesta quinta-feira, aconteceu outro grande encontro proselitista, liderado pelo caminhoneiro Hugo Moyano, líder da Confederação Geral do Trabalho (CGT), o maior sindicato da Argentina, que procurou demonstrar sua popularidade apesar de ter se distanciado do governo peronista de Cristina.