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Cristina Kirchner perde amigo e aliado estratégico na região

Desde que assumiu o poder, Hugo Chávez estabeleceu boas relações com a Argentina. Os laços se tornaram mais fortes a partir de 2003, com Néstor Kirchner


	A presidente da Argentina, que não falou em público após a morte de Chávez e decretou três dias de luto nacional com bandeira a meio mastro em edifícios públicos, "está muito abalada"
 (Mehdi Taamallah/AFP)

A presidente da Argentina, que não falou em público após a morte de Chávez e decretou três dias de luto nacional com bandeira a meio mastro em edifícios públicos, "está muito abalada" (Mehdi Taamallah/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2013 às 19h51.

Buenos Aires - Com a morte de Hugo Chávez, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, perdeu um amigo pessoal e um aliado estratégico, embora Buenos Aires acredite que conseguirá manter relações privilegiadas com Caracas se Nicolás Maduro vencer as eleições presidenciais como indicam as pesquisas.

Desde que assumiu o poder, Hugo Chávez estabeleceu boas relações com a Argentina. Os laços se tornaram mais fortes a partir de 2003, quando o ex-presidente argentino Néstor Kirchner começou a governar o país, mas durante o governo de Cristina a aproximação foi ainda maior.

"A relação de Chávez com a Argentina foi estratégica, tanto para Néstor como para Cristina", explicou à Agência Efe Patrício Giusto, da empresa de consultoria Diagnóstico Político.

Para o analista Horacio Calderón, tal proximidade trouxe benefícios para os dois países, apesar de ter havido momentos de conflito como a desapropriação da argentina Sidor, em 2008.

No entanto, ressalta Calderón, "em momentos difíceis em que a Argentina não dispunha de fundos, a Venezuela forneceu um apoio financeiro, que apesar ter sido baseada nos interesses venezuelanos, foi útil às Administrações do dois países".

Entre 2006 e 2008, Chávez comprou títulos da dívida argentina por cerca de US$ 5 bilhões, o que permitiu ao kirchnerismo saldar dívidas com orgãos internacionais, apesar de a Venezuela ter cobrado juros que chegaram a 15% ao ano.

Além disso, os acordos energéticos possibilitaram que a Argentina tivesse acesso ao petróleo venezuelano em momentos difíceis para o país. Apesar dos convênios conjuntos não terem chegado a se concretizar, a balança comercial favorece claramente Buenos Aires, com exportações superiores a US$ 1,1 bilhão frente a importações de apenas US$ 14 milhões.


A sombra da corrupção ameaçou a relação e transformou a Venezuela em assunto de política interna na Argentina após a vitória de Cristina nas eleições de 2007, quando um empresário venezuelano foi detido com uma maleta com US$ 800 mil que, supostamente, teriam sido destinados ao financiamento da campanha eleitoral da presidente.

Superado o escândalo, as relações entre Cristina e Chávez foram recuperadas, e ele foi o único líder que a acompanhou durante o enterro de seu marido Néstor Kirchner, em outubro de 2010, no mausoléu construído na cidade natal dele, Río Gallegos, na Patagônia.

"Cristina é a mulher que preenche as necessidades da Argentina", disse Chávez em 2011, durante a campanha eleitoral que levou a líder argentina a um segundo mandato.

"A sua vitória também é nossa, da América Latina", escreveu a presidente em sua conta no Twitter para parabenizar Chávez pela vitória nas eleições realizadas em outubro de 2012, em meio a uma "tempestade política" causada pelo da oposição argentina ao candidato venezuelano Henrique Capriles.

Em janeiro, Cristina Kirchner foi a Havana para tentar visitar Chávez enquanto ele era atendido por médicos, e foi às pressas para Caracas, ontem à noite, acompanhada pelo presidente do Uruguai, José Mujica.

A presidente da Argentina, que não falou em público após a morte de Chávez e decretou três dias de luto nacional com bandeira a meio mastro em edifícios públicos, "está muito abalada", segundo fontes próximas a governante citadas hoje pela imprensa local.

A Argentina mantém sua aposta no chavismo venezuelano apesar da perda de Chávez. "Sua morte põe fim a uma era, não só para a Venezuela, mas para toda a região", ressaltou o analista político Horacio Calderón.

Para o consultor político Patrício Giusto, "é provável que Cristina tente de alguma forma ocupar um papel de liderança maior na região, tanto por sua personalidade como por sua vocação", embora, como insiste Calderón, "nenhum líder da região tenha condições de substituir Hugo Chávez". 

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