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Cristina Kirchner comparece à Justiça por conta da "rota do dinheiro K"

A senadora negou envolvimento em qualquer caso de corrupção, um dia depois de ver sua prisão preventiva solicitada no caso dos "cadernos da corrupção"

Kirchner: Não apenas desconheço por completo essa suposta manobra, como não existe qualquer elemento de prova que me vincule à mesma, disse a ex-presidente (Marcos Brindicci/Reuters)

Kirchner: Não apenas desconheço por completo essa suposta manobra, como não existe qualquer elemento de prova que me vincule à mesma, disse a ex-presidente (Marcos Brindicci/Reuters)

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AFP

Publicado em 18 de setembro de 2018 às 14h49.

Última atualização em 18 de setembro de 2018 às 15h06.

A ex-presidente Cristina Kirchner compareceu à Justiça mais uma vez, nesta terça-feira (18), no âmbito de um processo por lavagem de dinheiro, um dia depois de ver sua prisão preventiva solicitada no caso dos chamados "cadernos da corrupção".

A senadora entregou um texto ao juiz Sebastián Casanello, rejeitando qualquer acusação ligada ao caso conhecido como a "rota do dinheiro K", que indaga a suposta expatriação e posterior repatriação de cerca de 60 milhões de dólares em uma tentativa de legitimar esses capitais.

"Não apenas desconheço por completo essa suposta manobra, como não existe qualquer elemento de prova que me vincule à mesma", alegou a ex-presidente.

Segundo a acusação, a operação aconteceu entre 2010 e 2013, quando Cristina Kirchner, uma peronista de centro esquerda, governava a Argentina.

O centro desse processo é Lazaro Báez, um ex-caixa de banco que criou um império de negócios em Santa Cruz, onde ganhou licitações de petróleo e obras públicas nos governos de Néstor e Cristina Kirchner (2003-2015).

O empresário é dono de vários apartamentos, além de casas e terrenos. Entre suas propriedades, estão cerca de 25 campos, em um total de 400.000 hectares na Patagônia.

Em uma de suas propriedades em El Calafate, foram feitas escavações há dez dias, pela segunda vez em dez anos e sem sucesso, em busca de dinheiro enterrado em contêineres.

"Podem continuar vigiando meus movimentos e os da minha família, ouvir minhas conversas por telefone de modo clandestino, ou escavar toda Patagônia argentina, ou onde quiserem, que nunca vão encontrar nada com que possam me envolver, porque nunca me apoderei de dinheiro ilícito algum", frisou Kirchner em sua alegação por escrito ao juiz.

Um mês nos tribunais

Cristina Kirchner chegou sorridente à sede dos tribunais em Buenos Aires, onde era esperada por um grupo de militantes.

Como de costume, não falou com a imprensa, mas aproveitou sua conta no Twitter para ressaltar que esta foi a oitava vez que tem de prestar depoimento em um processo judicial contra ela.

"Pela oitava vez vou prestar declaração indagatória em Comodoro Py (sede dos tribunais), lugar onde nem a Constituição nem os códigos de forma e substância estão mais em vigor. Desta vez me encontro em uma situação inédita", tuitou Kirchner.

A ex-presidente garante que as causas contra ela têm como objetivo proibir sua atividade política. Ela continua sendo a principal figura da oposição, com 30% de apoio nas pesquisas.

Kirchner pediu o adiamento da audiência desta terça, mas a solicitação foi indeferida.

Pedido de prisão preventiva

A ex-presidente está envolvida em sete processos judiciais, vários deles também envolvendo o mandato de seu já falecido marido, Néstor Kirchner (2003-2007).

O caso mais recente e que teve maior impacto é o dos "cadernos da corrupção", uma suposta trama de subornos que envolve tanto grandes empresários da construção civil quanto ex-funcionários da gestão Kirchner.

Por esse processo, o juiz Claudio Bonadio pediu ontem a prisão preventiva da senadora.

Cristina Kirchner pode ser presa apenas se o Senado retirar seu foro privilegiado, perdendo assim sua imunidade parlamentar. Até o momento, a opção está descartada pela bancada peronista.

Em 2017, o juiz Bonadio também pediu a prisão preventiva para Kirchner, acusando-a de acobertar iranianos que teriam envolvimento com o atentado à Amia, em Buenos Aires. Naquele momento, o Senado se recusou a debater o pedido.

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