Cristina Kirchner, ex-presidente da Argentina (AFP/AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 14 de fevereiro de 2024 às 17h25.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2024 às 18h48.
A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner acusou o atual mandatário, o ultraliberal Javier Milei, de deixar o país à beira de um colapso e o descreveu como um "showman-economista", em um documento publicado nesta quarta-feira, 14, em suas redes sociais.
"Até agora, o governo só implantou um programa de ajuste feroz que atua como um verdadeiro plano de desestabilização", disse Kirchner em um extenso documento publicado na rede X sob o título "Argentina em sua terceira crise da dívida".
Essa situação, continuou ela, "não apenas retroalimenta a espiral inflacionária, colocando a sociedade à beira do colapso, mas também provocará irremediavelmente um aumento do desemprego e do desespero social em uma espécie de caos planejado".
Kirchner, que também foi vice-presidente do peronista Alberto Fernández até dezembro de 2023, quando Milei assumiu o cargo, descreveu o presidente como um "showman-economista".
Ela também mirou no ministro da Economia, Luis Caputo, a quem chamou de "o arquiteto do endividamento em série do governo do [ex-presidente] Mauricio Macri" (2015-2019), do qual ele também era ministro quando o país acordou um empréstimo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de US$ 44 bilhões (R$ 218 bilhões).
Caputo rejeitou as críticas e responsabilizou Kirchner por gerar "todo o déficit fiscal dos últimos 16 anos".
"Senhora, nunca é tarde demais para aprender um conceito econômico muito básico que, infelizmente, a senhora sempre ignorou: a dívida só é contraída quando há um déficit fiscal", escreveu Caputo no X.
O ministro do Interior, Guillermo Francos, também criticou a ex-presidente na rádio Mitre, dizendo que "ela tem o descaramento de se expressar como se não fosse responsável por nada".
Cristina Kirchner advertiu ao presidente que "a legitimidade do governo só pode ser alcançada com a melhoria da qualidade de vida dos argentinos".
"Outras forças políticas, em diferentes estágios, que ganharam sua própria força e foram infundidas com um ar de fundação, não conseguiram concluir seus mandatos quando não conseguiram dar à sociedade a qualidade de vida que os argentinos exigiam", disse ela.
O governo Milei promoveu por decreto uma forte desregulamentação da economia que, juntamente com a desvalorização da moeda, resultou em aumentos generalizados de preços e tarifas de serviços públicos, em um país que já estava em uma espiral inflacionária e que fechou 2023 com um aumento de 211,4% no IPC.
A pobreza deve chegar a 50%, de acordo com as estimativas dos analistas.