O presidente português Aníbal Cavaco Silva: ele rejeitou plano para unir o governo e críticos o acusaram de ativar uma "bomba-relógio" ao convocar uma eleição antecipada para 2014 (AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2013 às 10h48.
Lisboa - A crise política portuguesa se agravou na quinta-feira, depois de o presidente Aníbal Cavaco Silva rejeitar um plano para unir o governo e críticos o acusarem de ativar uma "bomba-relógio" ao convocar uma eleição antecipada para 2014.
Cavaco propôs um acordo entre a atual coalizão conservadora e a oposição socialista, a fim de garantir amplo apoio às medidas de austeridade exigidas por credores internacionais, e a posterior realização de eleições.
A decisão mostra que o presidente parece considerar que nenhum partido tem condições de governar efetivamente até que termine a vigência do resgate financeiro internacional, em junho de 2014.
Como resposta dos mercados financeiros, a Bolsa local caía 1,4 por cento, e os juros pagos nos títulos públicos com vencimento em 10 anos subiam 6 pontos-base, chegando a 6,95 por cento.
Sob o peso das medidas fiscais exigidas pela troika de credores --Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional--, Portugal mergulhou na sua pior crise econômica desde a década de 1970.
Em editorial, o jornal Público disse que Cavaco acrescentou outro problema além daquele que já existia, e com isso decidiu tomar o poder, acusação séria num país que teve no salazarismo a mais longa ditadura da Europa Ocidental no século 20 (1932-1974).
Pela Constituição portuguesa, o presidente tem poderes para dissolver o Parlamento e convocar eleições. Cavaco disse que a dividida coalizão de centro-direita permanecerá à frente do governo, mas rejeitou uma reforma ministerial proposta pelo governista PSD e por seu sócio minoritário, o CDS-PP.
Na semana passada, o líder do CDS-PP, Paulo Portas, renunciou ao cargo de chanceler, ameaçando a continuidade da coalizão.
Mas no fim de semana o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho se reuniu com Portas e prometeu promovê-lo a vice-premiê e encarregá-lo de coordenar a política econômica, o que eliminou o risco imediato de queda da coalizão.
Após a turbulência da semana passada, quando parecia que uma solução havia sido encontrada, o anúncio do presidente chega como uma surpresa, disseram analistas do Espirito Santo Research em nota a clientes.