Mario Monti: primeiro-ministro italiano anunciou que vai renunciar assim que o orçamento de 2013 for aprovado (Eric Gaillard/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2012 às 07h50.
Roma/Milão - A iminente renúncia do primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, desencadeou a campanha para as eleições previstas para fevereiro, com os mercados financeiros agitados diante da expectativa da volta das antigas crises políticas italianas.
No sábado, o premiê de 69 anos, um ex-comissário europeu, inesperadamente revidou contra o partido Povo da Liberdade (PDL), de Silvio Berlusconi, que deu início à crise retirando seu apoio ao governo na semana passada.
Após encontro com o presidente Giorgio Napolitano, no sábado, Monti anunciou que iria renunciar assim que o orçamento de 2013 for aprovado.
A votação já estava prevista para não mais tarde do que abril, e a decisão de Monti provavelmente vai antecipá-la para fevereiro. Mas a saída do premiê pode preocupar os mercados especialmente depois que Berlusconi anunciou a intenção de concorrer a um quinto mandato como primeiro-ministro.
Berlusconi foi forçado a renunciar durante a crise da dívida da zona do euro que atingiu fortemente a Itália, depois que seu governo adiou reformas necessárias, e em meio a um escândalo sexual envolvendo prostitutas em suas infames festas "bunga bunga".
Pesquisas de opinião indicam poucas chances de sucesso para o bilionário de 76 anos, com o Partido Democrático (centro-esquerda), sob comando de Pier Luigi Bersani, mantendo uma forte liderança. Mas a campanha pode renovar as incertezas sobre o compromisso da Itália com as reformas.
Bersani, um ex-comunista que é ligado aos sindicatos, prometeu manter as promessas de disciplina fiscal que a Itália tem feito aos parceiros europeus, e disse que Monti deve continuar a desempenhar um papel no governo após a eleição.
O principal termômetro da confiança dos investidores, o rendimento dos títulos de 10 ano do governo italiano, ficou em 4,5 por cento no final da semana passada. Isso era 323 pontos acima do equivalente alemão de menor risco, mas bem abaixo do pico de 7,3 por cento atingido no ano passado, quando a diferença com os bunds alemães atingiu 550 pontos.
A situação política deve elevar os rendimentos dos títulos do governo italiano, segundo analistas, mas a alta pode ser de curta duração, especialmente se Monti deixar claro que vai desempenhar um papel no sentido de garantir a estabilidade, seja retornando ao governo ou como presidente da República.
"Posso imaginar que haverá uma boa dose de nervosismo nos mercados", disse um investidor de Milão. "Eu não ficaria muito preocupado, porque as eleições estão a apenas um mês. Vai depender muito agora dos movimento de Bersani, se ele pode convencer Monti a ficar", disse.
Monti chegou ao poder no auge da crise financeira há um ano e foi amplamente creditado por restabelecer a credibilidade dos investidores e parceiros europeus na Itália após a era Berlusconi marcada por escândalos.