John Kerry e William Hague: Kerry denunciou a "violência terrível na (praça da) Independência (em Kiev) que comoveu o mundo" na semana passada (AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2014 às 20h26.
A crise na Ucrânia não deve opor Estados Unidos e Rússia, disse nesta terça-feira o secretário de Estado americano, John Kerry, em meio às posições divergentes sobre o assunto.
Enquanto Moscou apoiou o regime de Kiev, Washington ficou do lado da oposição pró-europeia.
"Não é um jogo de soma zero, do Oeste contra o Leste. Esse não deveria ser o caso. Não se trata da Rússia, ou dos Estados Unidos, ou de outras opções. Trata-se do povo da Ucrânia", declarou Kerry, em entrevista coletiva com o chanceler britânico, William Hague.
O chefe da diplomacia americana garantiu que os Estados Unidos "querem trabalhar com a Rússia, com outros países, com todos que estiverem disponíveis para garantir que (a situação) não se deteriore depois desse dia".
Kerry também denunciou a "violência terrível na (praça da) Independência (em Kiev) que comoveu o mundo" na semana passada, com as dezenas de mortos que resultaram da repressão do governo.
Já Hague destacou que o Reino Unido, os Estados Unidos e as principais potências europeias "ressaltam com força a integridade e a unidade territorial da Ucrânia".
O chefe da diplomacia britânica enfatizou que a Ucrânia "é um país que precisa da assistência financeira de várias fontes, incluindo a Rússia. Não se trata de afastá-la da Rússia. Trata-se de permitir (aos ucranianos) que possam tomar suas próprias decisões".
O ministro britânico deve visitar Kiev em breve, já que os líderes ucranianos interinos terão de lidar com a ameaça de um colapso econômico e com a possibilidade de separatismos, devido à dramática expulsão do presidente pró-Moscou, Viktor Yanukovytch.
O chanceler Hague informou que se reúne, nesta quarta, com os líderes do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, que seria, no momento, a instituição mais bem posicionada para oferecer o apoio técnico e financeiro imediato de que a Ucrânia necessita.
A situação na Ucrânia gerou tensão na relação entre a Rússia e as potências ocidentais.
Depois de colocar em xeque, na segunda-feira, a legitimidade dos novos dirigentes da Ucrânia, Moscou baixou o tom nesta terça. Ao mesmo tempo em que expressou sua oposição à realização de eleições antecipadas para a presidência em 25 de maio, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, defendeu uma "Ucrânia que seja parte da família europeia em todos os sentidos da palavra".