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Crise humanitária piora no Japão; idosos são os mais atingidos

Frio, falta de água e falta de luz assolam abrigos, vitimando principalmente mais velhos e crianças

Dona de uma casa destruída pelo tsunami, na cidade de Minamisanriku (AFP/Jiji Press)

Dona de uma casa destruída pelo tsunami, na cidade de Minamisanriku (AFP/Jiji Press)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2011 às 16h41.

Rikuzentakata - Milhões de pessoas da devastada região nordeste do Japão passaram a quarta noite seguida sem água, comida ou aquecimento para enfrentar as temperaturas baixas, enquanto dezenas de milhares de membros de equipes de resgate se esforçam para chegar até elas.

Ao mesmo tempo em que corpos eram encontrados na costa, sobreviventes feridos, crianças e idosos se apertavam em abrigos improvisados, em geral sem medicamentos. Até segunda-feira, 550 mil pessoas haviam sido desalojadas de suas casas depois do terremoto e do tsunami de sexta-feira, que mataram ao menos 10 mil pessoas.

A crise humanitária se amplia em múltiplos fronts -- do súbito aumento no número de crianças órfãs à escassez de água, alimentos, combustível e eletricidade; dos banheiros inundados nos abrigos superlotados ao cuidado irregular com os sobreviventes traumatizados.

"Os idosos foram os atingidos com mais severidade", disse Patrick Fuller, da Federação Internacional da Cruz Vermelha, em um memorando escrito desde Ishinomaki, uma das várias cidades costeiras devastadas pela tragédia.

"O tsunami engolfou metade da cidade e muitos estão tremendo descontroladamente debaixo dos cobertores. Eles sofrem de hipotermia depois de ficarem presos em suas casas sem água nem eletricidade."

As autoridades locais perderam contato com cerca de 30 mil pessoas, de acordo com uma pesquisa feita pela Kyodo News. Com isso, aumenta a preocupação com o possível drástico aumento no número de mortos, enquanto as autoridades enfrentam a maior emergência do Japão desde a 2a Guerra Mundial.

Rodovias e ferrovias, energia e portos foram prejudicados em boa parte do nordeste da principal ilha do Japão, Honshu, prejudicando o trabalho das equipes de resgate. O governo mobilizou 100 mil soldados para distribuir comida, água e combustível. Cerca de 70 países ofereceram assistência.

"As pessoas estão exaustas física e mentalmente", disse Yasunobu Sasaki, diretor de uma escola convertida em abrigo em Rikuzentakata, vilarejo de 24.500 habitantes pertencente ao município de Iwate que quase desapareceu.

Não havia comida suficiente para três refeições diárias nem aquecimento, afirmou ele. As condições sanitárias também são um problema. O abrigo dele tem menos de 10 banheiros temporários e diversos toaletes de madeira improvisados com um buraco no chão.

"Isso não é o bastante para as cerca de 1.800 pessoas aqui", afirmou ele, acrescentando que os medicamentos para os pacientes com doenças crônicas estavam acabando.

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