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Crise econômica derruba Governo português e abre corrida eleitoral

O líder socialista explicou a renúncia pela rejeição da oposição ao plano econômico apresentado nesta semana para tentar superar a crise econômica

José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, negou que país precise de ajuda (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, negou que país precise de ajuda (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2011 às 21h35.

Lisboa - A crise econômica que deixa Portugal à beira de um resgate financeiro acabou nesta quarta-feira com seis anos de gestão do Executivo socialista de José Sócrates, que renunciou após a oposição rejeitar seu último plano de austeridade.

O dirigente conservador Pedro Passos Coelho, cuja decisão de não apoiar desta vez o Governo, forçou sua queda, sugeriu imediatamente a realização de eleições antecipadas e se mostrou disposto que seu partido afronte do Governo a crise econômica portuguesa.

No entanto, o líder parlamentar socialista, Francisco Assis, expressou confiança de que Sócrates volte a ser candidato nas prováveis eleições que ainda devem ser convocadas pelo chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.

O primeiro-ministro demissionário não informou seu futuro quando justificou, em uma declaração ao país, a renúncia que tinha anunciado previamente a chefia do Estado em um breve comunicado em seu site.

O líder socialista explicou a renúncia pela rejeição da oposição ao plano econômico apresentado nesta semana para tentar superar a crise econômica e evitar pedir ajuda externa.

Sócrates acusou as forças da oposição de antepor o interesse partidário aos interesses nacionais e os responsabilizou pelos problemas que Portugal possa sofrer.

Em seu comunicado, a chefia do Estado anunciou que o presidente, o conservador Aníbal Cavaco Silva, fará reuniões com os partidos políticos na próxima sexta-feira e que, enquanto isso, o atual Executivo se mantém como interino até a aceitação da renúncia.

Passos Coelho, presidente do Partido Social Democrata (PSD, centro-direita) do qual Cavaco é líder, responsabilizou o primeiro-ministro demissionário, José Sócrates, de "não conseguir criar confiança" nos mercados e castigar os portugueses com sucessivos planos de austeridade que não deram resultado.

O líder da oposição fez outra declaração pública na qual esboçou o plano de seu partido para combater a crise e considerou a mudança de Governo "um caminho normal na democracia".

Em referência às eleições antecipadas - que devem ser realizadas dentro de dois meses -, Passos Coelho considerou que este processo "permitirá ao país escolher um novo Governo com mais confiança, mais força".

Sem citar o processo eleitoral, que já se dá por inevitável há menos de um ano e meio depois das eleições nas quais os socialistas perderam a maioria absoluta, o dirigente parlamentar proclamou nesta quarta-feira que Sócrates "é e seguirá sendo" seu líder.

O primeiro-ministro demissionário se mostrou muito crítico com os partidos de oposição ao explicar sua renúncia e os acusou de "obstruir" a ação do Governo, "menosprezar" os avanços conseguidos com a União Europeia e atuar com "irresponsabilidade" e "oportunismo.

"Hoje o país perdeu, não ganhou", resumiu o dirigente socialista, que também lembrou que sua renúncia chega em um momento "crucial" para Portugal e para a Europa, devido à cúpula extraordinária realizada na quinta-feira em Bruxelas na qual serão discutidos os mecanismos de gestão da crise da dívida.

O dirigente socialista afirmou que a crise política aberta nesta quarta-feira "só pode ser resolvida pela decisão soberana dos portugueses", em referência à convocação de eleições, e deixou entrever sua disposição a se candidatar novamente.

"Com a determinação de sempre e a mesma vontade de servir meu país, me submeterei a essa decisão", ressaltou.

"Há vários meses, lutei com o propósito fundamental de proteger o país da necessidade de recorrer à ajuda externa, para não cair na mesma situação que Grécia e Irlanda", ressaltou Sócrates ao lembrar as "consequências profundamente negativas" de uma intervenção para "a imagem e o prestígio" nacional.

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