(Kevin Lamarque/Reuters)
AFP
Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 14h45.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2017 às 14h47.
Após Paris, Nice e Berlim, a Suécia paga caro por sua generosa política migratória: as declarações de Donald Trump surpreenderam os suecos, mas o que há de verdade na relação entre imigração, delinquência e terrorismo no país escandinavo?
"Vejam o que está acontecendo na Alemanha, o que aconteceu ontem à noite na Suécia. A Suécia, quem iria acreditar? Suécia. Eles receberam muitos refugiados e agora estão tendo muitos problemas que jamais imaginaram", afirmou o presidente americano em um discurso em Malbourne (Flórida).
Nada aconteceu de grave na sexta-feira à noite na Suécia, e Trump afirmou que se referia a uma reportagem veiculada na Fox News passando a imagem de um país inflamado.
Ele publicou nesta segunda-feira um tuíte acusando, sem nomear, alguns meios de comunicação de minimizar a situação: "Os meios de comunicação FAKES querem nos fazer acreditar que a imigração em larga escala funciona bem na Suécia. NÃO!"
Sim, mas não desde a onda migratória histórica de 2014-2015, que viu a Suécia acomodar 244.000 requerentes de asilo (34% de sírios e 10% de iraquianos), a maior proporção per capita na Europa.
Em 11 de dezembro de 2010, um sueco de origem iraquiana, Taymour Abdel Wahab, morreu ao se explodir numa rua de pedestres no centro de Estocolmo, causando dois feridos leves.
Mais recentemente, a Casa Branca incluiu numa lista de 78 ataques terroristas sobre os quais os meios de comunicação falaram muito pouco um ataque com coquetel Molotov em outubro contra um local de oração muçulmano (xiita) em Malmö (sul). Um sírio foi preso no caso, que não deixou feridos.
A ameaça terrorista é considerada elevada na Suécia, com o retorno gradual de dezenas de pessoas que se juntaram às fileiras do Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
Um jihadista sueco preso na Bélgica, Osama Krayem, é considerado um elo entre os grupos que atacaram Paris, em novembro de 2015, e Bruxelas, em março de 2016.
De acordo com estatísticas oficiais, o ano em que o número de ataques per capita foi o mais alto em 2011, antes da recente onda de imigração.
O polícia sueca não estabelece estatísticas étnicas. No entanto, atribuiu em 2016 um código aos delitos envolvendo imigrantes muito recentes.
De acordo com um oficial da polícia citado pelo jornal Dagens Nyheter no início de 2016, este código foi aplicado a 1% das investigações, mais ou menos a participação dos imigrantes na população.
Em janeiro de 2016, o assassinato de uma assistente social por um refugiado etíope chocou o país. Os requerentes de asilo foram vítimas de crimes: no ano passado, 92 abrigos foram incendiados.
Sim, O Conselho Prevenção do Crime (BRÅ) sueco realizou estudos apontando que os migrantes são em média duas vezes mais representados nas estatísticas da delinquência que as pessoas nascidas de dois pais suecos.
Mas os mesmos estudos mostram que, em condições sociais comparáveis, o risco é quase equivalente.
Na Suécia, o desemprego de pessoas estrangeiras é quatro vezes superior que entre as pessoas nascidas na Suécia.
Não, mas a segregação é real nas grandes cidades. E os serviços de Estado (polícia, bombeiros, Samu) são regularmente alvos de vandalismo em alguns bairros ditos sensíveis.
A Suécia continua a ser um dos países com os menores índices de criminalidade no mundo, com uma taxa de homicídio de 1,1 por 100.000 habitantes em 2015 (fonte: BRÅ), 4,5 vezes menos que nos Estados Unidos (4,9 segundo FBI).