Denver - Funcionários de Califórnia a Vermont, reagindo às imagens de crianças imigrantes dormindo em situação de sobrelotação, estão oferecendo-lhes abrigo mesmo quando legisladores, às vezes do mesmo estado, se opõem a essa atitude.

Enquanto 1.000 efetivos da guarda nacional do Texas, sob ordens do governador Rick Perry, estão se movimentando para proteger as fronteiras do estado com o México, o condado de Dallas espera para saber se o governo federal irá enviar as crianças para um armazém e uma escola abandonados em Dallas e a uma antiga escola em Grand Prairie.

“Em geral as pessoas querem ajudar”, disse Elba García, uma comissária do condado. “Eles entendem que muitas dessas crianças são refugiadas. Nós estamos esperando que eles nos digam que local foi selecionado para escolher uma pessoa para administrar o local”.

Desde outubro, aproximadamente 57.000 crianças fugiram de gangues e cartéis de drogas da Guatemala, El Salvador e Honduras, atravessaram ilegalmente as fronteiras dos EUA e se entregaram às autoridades.

Essa enxurrada levou a fotos de imigrantes sem mães dormindo em instalações superlotadas e deixou o governo lutando para encontrar moradia para as crianças enquanto elas esperam os procedimentos legais.

Com uma estimativa de que mais 3.000 crianças desacompanhadas chegarão à fronteira dos EUA até o fim de setembro, alguns governadores, prefeitos e autoridades de condado estão examinando suas comunidades em busca de potenciais opções de moradia e pedindo ajuda a instituições de caridade.

Os que se opõem à imigração ilegal querem que as crianças sejam rapidamente devolvidas a seus países de origem e estão aprovando resoluções banindo-as das comunidades locais e negando permissão para transformar suas instalações em abrigos para a juventude.

As propostas de ajuda têm vindo em resposta aos pedidos que o governo federal enviou às comunidades de todo o território nacional perguntando se elas poderiam oferecer 8.361 metros quadrados de espaço em qualquer lugar, de instalações militares até shopping centers fora de uso, por no máximo quatro meses, para abrigar cerca de 1.000 crianças.

Os jovens ficarão em abrigos seguros enquanto a administração de Obama procura seus parentes.

“Ficou claro para nós tanto pela reação do Departamento de Saúde e Serviço Social às nossas ofertas quanto pelo que estamos lendo e vendo acontecer no país, que acolher as crianças era meio fora do comum”, disse Stephanie Miner, prefeita de Syracuse, Nova York.

“Então para ajudar a acelerar o processo eu enviei uma carta ao presidente Obama dizendo que nós estávamos prontos para ajudar enquanto essa crise estivesse ocorrendo”, disse Miner.

Ela está esperando uma segunda inspeção federal em um antigo convento para ser usado como moradia.

Instalações Temporárias

Agora algumas crianças estão esperando em cerca de 100 abrigos provisórios ao longo do país e em instalações temporárias na Base Conjunta de San Antonio Lackland, Texas; na Base Naval do condado de Ventura em Port Hueneme, California, e em Fort Sill, Oklahoma, de acordo com o Departamento de Saúde e Serviço Social dos EUA.

Enquanto legisladores na California, Nova York e Massachusetts ofereceram ajuda para as crianças imigrantes pela primeira vez, os governadores do Arizona e Nebraska reclamaram que o Departamento de Segurança Interna não os notificou antes de enviar menores desacompanhados para seus estados.

Os governadores republicanos do Alabama, Kansas, Carolina do Norte, Pensilvânia, Utah e Wisconsin enviaram ontem uma carta a Obama dizendo que “a não devolução das crianças desacompanhadas enviará uma mensagem que irá encorajar um movimento ainda maior em direção à nossa fronteira do sul”.

“Estamos preocupados de que haverá um número significativo que acabará usando escolas públicas, serviços sociais e o sistema de saúde, em grande parte financiados pelos estados”, disseram os governadores.

Bases militares

Em Massachusetts, o governador Deval Patrick ofereceu dois lugares, a Base Conjunta de Cape Cod em Bourne e a Base Aérea da Reserva Westover em Chicopee.

É o governo federal que vai decidir se as instalações são apropriadas, fazer as melhorias necessárias e contratar funcionários, disse Patrick no dia 18 de julho em um pronunciamento.

A administração de Obama irá arcar com todos os custos caso eles tragam as crianças para a área, disse ele.

“Nós recebemos 400 e-mails de pessoas e organizações que ofereceram ajuda e doar tempo, livros e brinquedos”, disse Heather Nichols, secretária de imprensa do governador, ontem em uma entrevista telefônica.

“Tem pessoas por aí que não concordam conosco e que não querem as crianças, mas a maioria das pessoas geralmente é muito solidária”.