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Crianças devem ser educadas sobre o consumo consciente

“Crianças e jovens precisam ser educados sobre um novo padrão de consumo”, disse o presidente do instituto Akatu

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2012 às 15h30.

Rio de Janeiro - Nas próximas décadas o mundo ganhará 1,8 bilhão de novas residências com a saída de populações da zona de pobreza, principalmente nos países em desenvolvimento.

Alimentos e combustíveis ficarão mais caros. E com o ritmo atual de crescimento do consumo mundial, que bateu os 50%, uma solução imediata, de curto prazo, na busca por uma economia de desenvolvimento sustentável é inevitável. “Falta urgência nas conversas para o crescimento sustentável”, alertou Kelly Rigg, diretora executiva do Global Campaign for Climate Action.

A diretora, que também é ativista do Greenpeace, foi uma dos dez debatedores que participaram hoje pela manhã, no Riocentro, dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável que teve como tema “Economia e os padrões sustentáveis de produção e consumo”.

Para Elisabeth Laville, diretora da consultoria UTOPIES, é preciso questionar e rever o estilo de vida ocidental. Segundo ela, enquanto as emissões de carbono aumentaram em 20% na França, são justamente os países ocidentais que estão mais embaixo no ranking com os índices de felicidade.

“A sociedade precisa depender menos do consumo”, afirmou Elisabeth. Mesma opinião tem Helio Mattar, presidente do Instituto Akatu, que acredita que o desenvolvimento sustentável depende do bem estar social. “Precisamos mudar o modelo da sociedade centrada no consumo de bens para o bem estar das pessoas”, disse.

Uma das sugestões feitas por Mattar é diminuir a jornada de trabalho. “Há 122 anos foi a última vez que reduzimos a carga horária dos trabalhadores. Trabalhando menos consome-se de maneira mais responsável”. Outra iniciativa sugerida pelo presidente do Instituto Akatu foi a criação de um fundo financiado por grandes empresas que usariam 5% das verbas publicitárias para elaborar campanhas sobre o consumo sustentável. “Crianças e jovens precisam ser educados sobre um novo padrão de consumo”, disse.


Outro brasileiro, o embaixador Rubens Ricupero salientou também a necessidade de se mudar os padrões de consumo e produtividade. Criticou a recente medida do governo federal de reduzir o preço dos carros populares, comentário esse muito aplaudido pela plateia presente no debate. E a crítica não foi só para os automóveis. “Temos muitas cidades brasileiras com mais motos do que carro. Muitas vezes uma moto polui mais do que um ônibus”, afirmou Ricupero.

Urgência e ações concretas de curto prazo é o que defenderam muitos dos palestrantes. Kelly Rigg citou dados das agências de energia que indicam um aumento de 6 graus na temperatura mundial. “Precisamos ter reduções massivas no uso de combustíveis fósseis”, complementou Mathis Wackernagel, co-fundador e diretor executivo da Global Footprint Network.

Alguns dos caminhos apontados pelos especialistas é investir em orçamentos públicos para iniciativas sustentáveis e a reavaliação dos medidores dos capitais naturais. “Temos que planejar com metas sociais e prudência ambiental”, afirmou Ignacy Sachs, professor do Centro de Estudos sobre o Brasil Contemporâneo, na França. A boa notícia, disse ele, é que atualmente estamos muito melhor capacitados para isso do que no passado.

“O planejamento técnico hoje em dia é muito superior ao de qualquer outro momento”. Sachs alertou ainda sobre a importância da cooperação internacional na divulgação de conhecimentos científico e tecnológico. A ex-primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland defendeu a adoção de indíces de emissão de carbono na medição do desenvolvimento dos países e novas políticas de compras sustentáveis pelos governos.


E como mudar os padrões da produção atual? A resposta foi dada por Juan Carlos Castilla-Rubio, CEO do Planetary Skin Institute. “O que importa é mudar a produtividade baseando-se nos recursos naturais, que são um bem público do nosso planeta”. Thomas Heller, diretor executivo do Climate Policy Initiative acrescentou “Precisamos aumentar a produção agrícola sem derrubar mais árvores”.

Os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável vão até terça-feira, dia 19 de junho. Dos debates resultará um documento com recomendações que serão apresentadas aos líderes mundiais presentes na Rio+20.

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