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Criação de empregos nos EUA desacelera, afetada por greve no setor automotivo

Em outubro, foram criados 150 mil empregos, menos do que o esperado pelos analistas

Membros do sindicato United Auto Workers em greve, na frente de uma fábrica em Ontário, Califórnia (Agence France-Presse/AFP)

Membros do sindicato United Auto Workers em greve, na frente de uma fábrica em Ontário, Califórnia (Agence France-Presse/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 3 de novembro de 2023 às 14h35.

A criação de empregos desacelerou mais do que o esperado em outubro nos Estados Unidos, devido principalmente à histórica greve dos trabalhadores nas três maiores montadoras do país, e a taxa de desemprego subiu ligeiramente para 3,9%, segundo dados oficiais.

Em outubro, foram criados 150 mil empregos, menos do que o esperado pelos analistas e metade do número de setembro, anunciou o Departamento do Trabalho nesta sexta-feira, 3.

Os setores da saúde, do emprego público e da assistência social fizeram contratações, mas "o emprego caiu na indústria manufatureira, devido à greve" no setor automotivo, diz o comunicado.

Os números de agosto e setembro foram revistos para baixo, indicando a criação de menos 101 mil postos de trabalho do que o inicialmente anunciado nesses dois meses.

O presidente Joe Biden, que busca a reeleição, saudou uma taxa de desemprego "abaixo de 4% durante 21 meses consecutivos, o período mais longo em mais de 50 anos".

Desemprego continua baixo

O desemprego aumentou para 3,9%, apenas 0,1 ponto percentual acima da medição de setembro.

"O crescimento do emprego continua acontecendo, os salários estão se moderando, e a taxa de desemprego permanece perto dos seus mínimos históricos", resumiu Rubeela Farooqi, economista-chefe da consultoria financeira HFE, em uma nota.

"Esperamos que o mercado de trabalho diminua e que a atividade econômica se modere com o tempo, em resposta à política monetária restritiva" das taxas de juro elevadas por parte do Federal Reserve (Fed, Banco Central americano), disse a analista.

Os Estados Unidos têm vivido uma forte escassez de mão de obra há mais de dois anos, o que fez os salários dispararem, pressionando, assim, a alta dos preços por uma maior demanda.

O Fed pretendia aumentar o custo do crédito para reduzir o consumo e o investimento e, com isso, conter as pressões inflacionistas. Na quarta-feira, 1º, manteve suas taxas de referência em um intervalo entre 5,25% e 5,50%, um teto em 22 anos.

Controlar a inflação "provavelmente exigirá (...) certa moderação nas condições do mercado de trabalho", disse o presidente do Fed, Jerome Powell, na quarta-feira.

Mas o mercado americano está em um bom momento: "Se cada desempregado do país conseguir um emprego, ainda haveria três milhões de empregos disponíveis", observou Stephanie Ferguson, responsável por mercado de trabalho na Câmara de Comércio dos EUA, em um estudo publicado em meados de outubro.

Escassez persistente

"A escassez de mão de obra é mais persistente" do que em 2019, antes do início da pandemia da covid-19, disse a economista-chefe da ADP, Nela Richardson, em uma teleconferência na quarta-feira.

Quando um setor emprega menos pessoal, "fica difícil saber" se é porque "as empresas contratam menos, ou porque não conseguem encontrar trabalhadores", explicou.

O sector privado criou mais empregos em outubro do que em setembro, de acordo com a pesquisa mensal ADP/Stanford Lab.

Em relação aos salários, em outubro, tiveram seu menor aumento desde o final de 2021, mas também avançaram um acumulado de 5,7% no ano para quem manteve o emprego, e 8,4%, para quem mudou, em média.

Desde o verão (hemisfério norte, inverno no Brasil), o mercado de trabalho americano recebe um fluxo significativo de novos trabalhadores, por uma maior participação no mercado e também devido à imigração, disse Powell. Isso "explica, em parte, porque o PIB é tão elevado", comentou.

O PIB dos Estados Unidos cresceu 4,9% na projeção anual no terceiro trimestre, um percentual que representa o dobro da medição do trimestre anterior. A projeção anual permite estimar o PIB em 12 meses, se as condições no momento da medição se mantiverem.

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