Daddos da Eurostat mostram crescimento de 1% no trimestre (AFP/Arquivo/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
O crescimento da Eurozona superou no segundo trimestre ao dos de Estados Unidos, a 1%, graças principalmente a uma forte aceleração da atividade na Alemanha, segundo dados divulgados nesta sexta-feira que permitem atenuar o pessimismo sobre a recuperação econômica mundial.
Em uma semana marcada pela queda das bolsas mundiais em consequência das preocupações com os sinais de desaceleração demonstrados, principalmente, pela economia americana, a Europa surpreendeu positivamente os analistas com o maior crescimento trimestral em quatro anos.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos 16 países que integram a Eurozona progrediu entre abril e maio 1%, acima do 0,7% previsto pelos analistas entrevistados pela agência Dow Jones Newswires e um aumento considerável em relação ao 0,2% registrado no primeiro trimestre, segundo a agência Eurostat.
O crescimento da Eurozona superou assim o registrado entre abril e junho pelos Estados Unidos, país que teve uma alta de 0,6% do PIB, depois do crescimento de 0,9% entre janeiro e março.
Por trás da forte recuperação está, sobretudo, o desempenho da Alemanha, principal economia da zona euro, que no mesmo período registrou um crescimento de 2,2% do PIB, o maior desde a reunificação do país em 1990.
"A Alemanha está se desgarrando do resto dos países da região", destacou o economista Carsten Brzeski, do grubo bancário ING.
Os dados divulgados pelos países confirmaram nesta sexta-feira que a recuperação econômica na zona euro é generalizada, com exceção da Grécia, cuja recessão se agravou entre abril e junho, com um retrocesso de 1,5% do PIB.
A atividade na França e Espanha progrediu respectivamente 0,6% e 0,2%.
Comparado com o segundo trimestre de 2009, o PIB da zona euro avançou 1,7%.
Para o conjunto dos 27 países que integram a União Europeia (UE), o PIB também avançou 1% em relação ao trimestre anterior e 1,7% em ritmo anual.
À margem da zona euro, a economia britânica pisou no acelerador e progrediu 1,1% entre abril e junho, contra 0,3% no primeiro trimestre.
Alguns analistas advertiram, no entanto, contra qualquer triunfalismo.
"Temos que ver se o bom desempenho do núcleo da Europa vai se propagar à periferia ou se a periferia arrastará o núcleo à baixa", opina Chris Williamson, economista da Markit.
Williamson fez assim uma referência ao desempenho desigual entre Alemanha e França, que lideram com vigor a recuperação, e os países mediterrâneos como Grécia, Espanha e Portugal, cujas economias e finanças públicas se debilitaram a tal ponto que provoca o temor dos mercados pela solvência a médio prazo.
Para os analistas, a Europa ainda sente as sequelas deixadas pela crise de 2008-2009, a pior desde a Segunda Guerra Mundial, que resultou em um primeiro semestre de 2010 marcado por déficits públicos abismais.
"A recuperação é dependente das exportações das principais economias, que não vão demorar a desacelerar", afirmou Jennifer McKeown, economista da Capital Economics.
Segundo dados divulgados nesta sexta-feira pela Eurostat, a Eurozona registrou em junho um excedente comercial de 2,4 bilhões de euros, após um forte déficit de 3,3 bilhões de euros em maio.
As previsões de McKeown são especialmente sombrias para os países da "periferia", que "continuarão sofrendo com a austeridade orçamentária adotada pelos governos para corrigir seus déficits públicos e continuarão ou retornarão à recessão".
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