Bento XVI garantiu na quinta-feira que, ao renunciar no dia 28, vai se "esconder do mundo", em sinal de que poderá passar seus últimos anos de vida recluso em monastério (Franco Origlia/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 15 de fevereiro de 2013 às 08h06.
Cidade do Vaticano - O papa Bento XVI garantiu na quinta-feira que, ao renunciar no dia 28, vai se "esconder do mundo", em um sinal de que poderá passar seus últimos anos de vida recluso em um monastério.
Entre vaticanistas e mesmo entre os cardeais, porém, cresce o temor de que a presença de dois papas no Vaticano crie uma situação difícil, seja durante o conclave seja na gestão da Igreja nos próximos anos.
"Mesmo me retirando, vou estar sempre perto de vocês na oração e vocês estarão perto de mim, ainda que eu vá estar escondido do mundo", declarou o papa na quinta-feira, em um encontro com padres em Roma.
O Vaticano tem se empenhado em passar a mensagem de que a renúncia é algo previsto dentro das leis e não há porque se preocupar com a existência de dois papas vivendo no minúsculo Estado do Vaticano, com apenas algumas centenas de moradores. "O papa é alguém muito discreto", disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.
Monarquia absolutista, o Vaticano segue de alguma forma o mesmo modelo que outros Estados. O problema é que, quando reis renunciam, deixam o cargo a herdeiros de seu próprio sangue. No caso do papa, não.
Alguns cardeais se dizem "desconfortáveis" com a "sombra" do papa que renunciou ao pontificado. Outra fonte de suspeita é seu secretário pessoal, Georg Gänswein, que mantém o título de prefeito do gabinete do papa, mas acompanhará Joseph Ratzinger em sua aposentadoria. Surgiu a especulação de que ele poderá atuar como intermediário com aliados.
Entre os vaticanistas, a constatação é de que o período de 600 anos sem uma renúncia não ocorreu por acaso. Outros papas já chegaram a cogitar a possibilidade de renunciar, mas foram orientados pelos especialistas legais do Vaticano a não tomar esse caminho.