Estátua de Hércules, de 300 antes de Cristo, no museu Capitoline, em Roma (Chris Helgren / Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2016 às 17h16.
Roma - No século 16, Daniele da Volterra foi repudiado por artistas contemporâneos por concordar em pintar roupas sobre os órgãos genitais nos nus de Michelangelo na Capela Sistina.
As autoridades italianas responsáveis pelos protocolos oficiais agora devem saber como Da Volterra se sentiu.
Líderes da oposição italiana, analistas e a mídia em geral aumentaram nesta quarta-feira o tom de suas críticas ao uso de caixas brancas diante das estátuas nuas na prefeitura e no complexo do museu de Roma durante uma visita do presidente do Irã, Hassan Rohani.
Jornais italianos publicaram fotos das caixas em suas primeiras páginas, e até o ministro da Cultura classificou a decisão como "incompreensível". Ele opinou que poderia se ter escolhido outro local para levar rohani, que assinou contratos de negócios de até 17 bilhões de euros durante sua turnê europeia de dois dias.
"Cobrir estes nus cobriu a Itália de vergonha", disse a manchete do Il Giornale, importante jornal opositor.
Nem o titular da Cultura, Dario Franceschini, nem o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, haviam sido informados da medida, disse o primeiro. A embaixada iraniana havia pedido que as estátuas fossem cobertas, e autoridades do gabinete de Renzi concordaram sem consultar seus chefes, relatou a imprensa italiana. O porta-voz do gabinete do premiê declarou não saber se o Irã solicitou o acobertamento das obras de arte.