Surto de ebola: Nigéria, maior país da África, é o quarto afetado pela epidemia (Pius Utomi Ekpei/AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2014 às 22h04.
São Paulo - Novos casos de <a href="https://exame.com/noticias-sobre/ebola" target="_blank"><strong>ebola</strong></a> foram detectados na cidade nigeriana de Lagos, a mais populosa da África Ocidental, levando as autoridades locais a pedir, neste sábado, a ajuda de voluntários para combater essa epidemia que já deixou quase mil mortos na região.</p>
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a situação já é de emergência de saúde mundial.
Com 13 casos confirmados - prováveis ou suspeitos, sendo dois letais -, a Nigéria, maior país da África, é o quarto afetado pela epidemia. Por enquanto, a doença se concentra em Lagos, capital econômica com mais de 20 milhões de habitantes.
"Temos escassez de pessoal. Não vou mentir para vocês. Por isso, estamos pedindo voluntários", admitiu o delegado de Saúde, Jide Idris.
Devido ao aparecimento do vírus em Lagos, a Nigéria aprovou o desbloqueio de US$ 11,5 milhões para a luta contra a epidemia e, na sexta-feira, decretou estado de emergência sanitária.
O governo americano anunciou o reforço de sua ajuda à Nigéria, e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAid) também prometeu US$ 12 milhões para os quatro países afetados - Guiné, Libéria, Serra Leoa e Nigéria.
Neste sábado, o governo do Chade informou que estão suspensos todos os voos provenientes da vizinha Nigéria. O objetivo é evitar a propagação do vírus, já que, de acordo com o Ministério chadiano da Saúde, ainda não há nenhum caso da doença registrado no país.
"Em razão dos riscos ligados à transmissão do vírus Ebola, o governo chadiano decidiu suspender, a partir de hoje, todos os voos provenientes diretamente da Nigéria", declara uma nota da agência responsável pela Aviação Civil.
"As companhias que frequentam as plataformas aeroportuárias (de Kano, Maiduguri, Lagos e de Abuja) devem operar mudanças em seu planejamento de voos, com destino a N'Djamena, para evitar uma escala na Nigéria", explica o comunicado.
Dos quase 1.800 casos registrados desde o início do ano, mais de 960 pessoas morreram.
Ainda não existe um tratamento específico para tratar, ou prevenir, essa febre hemorrágica provocada por um vírus transmitido por contato direto com o sangue, fluidos biológicos, ou tecidos de pessoas e animais infectados.
Um anticorpo experimental, o ZMAPP, foi ministrado nos dois americanos infectados na Libéria, depois de repatriados e isolados em Atlanta.
"Também há outros medicamentos" em fase experimental, que serão estudados um a um - declarou na sexta-feira o doutor Keiji Fukuda, assistente da diretora-geral da OMS encarregada da epidemia.
Uma vacina preventiva contra o Ebola elaborada pelo laboratório britânico GSK deve ser submetida a testes clínicos em setembro. Dependendo dos resultados, poderá estar disponível em 2015 - anunciou neste sábado o diretor do Departamento de Vacinas e de Imunização da OMS, Jean-Marie Okwo Bélé, em entrevista à rádio francesa RFI.
Libéria e Serra Leoa já haviam decretado estado de emergência sanitária antes da Nigéria. Kailahun e Kenema, duas cidades do leste de Serra Leoa que se tornaram epicentro da epidemia, foram postas em quarentena. Até nova ordem, centros de lazer estão fechados no país.
Além disso, a Libéria restringiu os deslocamentos entre algumas províncias e a capital, o que poderá causar problemas de abastecimento e a consequente escassez de alimentos na região.
Outra preocupação do governo é com a ameaça de greve dos funcionários da Saúde nesse país de quatro milhões de habitantes. A categoria denuncia a falta de recursos para tratar os casos de Ebola, além das mortes causadas pela epidemia no meio médico.
"Não temos luvas, nem uniformes, nem equipamentos necessários. Se nada for feito para resolver isso, abandonaremos nosso instrumentos de trabalho", declarou na quinta-feira o responsável pelo Sindicado do Pessoal de Saúde, Deemi Dearzua.
Na Monróvia, a situação é catastrófica, alertou na sexta-feira a coordenadora de Emergência na Libéria da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), Lindis Hurum.
Segundo Hurum, pelo menos 40 trabalhadores da Saúde contraíram o vírus nas últimas semanas. Por medo do contágio, vários hospitais da capital foram abandonados e fechados pelos funcionários.
Neste sábado, na Monróvia, faleceu a missionária congolesa Chantal Pascaline, uma das duas companheiras de dois religiosos espanhóis retirados da Libéria na quinta-feira por causa da epidemia - informou a ONG, para a qual ela trabalhava.
Hoje, a Guiné anunciou o fechamento de suas fronteiras terrestres com Libéria e com Serra Leoa.
"A Guiné decidiu fechar, de forma provisória, suas fronteiras terrestres com seus vizinhos Libéria e Serra Leoa", declarou à AFP o porta-voz do governo, ministro Albert Damantang Camara.
Já em Serra Leoa, mais de 1.500 policiais e militares estão sendo mobilizados para garantir o respeito das medidas de quarentena, anunciou o governo local neste sábado.
"O número total de efetivos que estamos deslocando é de 1.501 pessoas", declarou o ministro da Defesa, Palo Conteh, ao veículo estatal SLBC.
Desse total, 750 estão em Kailahun e Kenema, postas em quarentena na quinta-feira, devido ao estado de urgência sanitária em vigor desde 1º de agosto no país. Os demais homens serão enviados para o oeste, incluindo a capital Freetown, e para o norte.
Na sexta, a Costa do Marfim, país vizinho da Libéria e da Guiné, decretou nível de alerta "muito elevado" frente ao vírus e instalou Comitês de Vigilância Comunitária.
A Índia, país com 1,25 bilhão de habitantes, anunciou que colocou portos e aeroportos em alerta.
No Canadá, um homem que voltou da Nigéria recentemente e apresentava sintomas idênticos ao Ebola foi isolado na sexta, em um hospital perto de Toronto.