O trânsito é uma das razões que levam os paulistanos a desistirem do carro, apontou a pesquisa (Wikimedia Commons/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2011 às 17h39.
São Paulo – O percentual de pessoas dispostas a deixar o carro na garagem e passar a usar transporte público para se locomover na cidade de São Paulo subiu de 52%, em 2010, para 60% este ano. Também aumentou o número de pessoas que têm pelo menos um carro de passeio (52% em 2010 para 62% em 2011).
Os dados estão na pesquisa sobre mobilidade urbana, encomendada ao Ibope pela organização não governamental (ONG) Rede Nossa São Paulo e divulgada hoje (21), como parte das manifestações do Dia Mundial sem Carro, que ocorrerá amanhã (22).
O coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, disse que o paulistano tem a disposição em trocar o carro por transporte público de qualidade porque está passando muito tempo no trânsito e tem sentido os reflexos em sua qualidade de vida, já que esse tempo poderia ser usado em outras atividades.
“Se fizermos a conta, o cidadão fica um mês por ano no congestionamento. Ele quer trocar, mas quer uma opção confiável, que tenha qualidade. Ou usar o transporte coletivo ou a bicicleta, mas ele não encontra essa opção e fica nesse dilema. Isso tem um impacto muito negativo para a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico da cidade. O trânsito é considerado o segundo problema mais grave da cidade depois da saúde”, relatou.
Foram entrevistados 805 paulistanos a partir de 16 anos, de 17 a 22 de agosto de 2011. Segundo a pesquisa, passou de 76% para 82% o número de pessoas que deixariam de usar o carro caso houvesse uma opção boa de transporte público e caiu a quantidade de pessoas que andam a pé na cidade (45% para 35%). A pesquisa mostrou ainda que 29% trocariam o carro pelos ônibus se houvesse mais e melhores corredores (em 2010 eram12%). Ninguém respondeu que nada os faria trocar o carro pelo ônibus, mas em 2010 essa parcela correspondia a 21%.
O levantamento apontou que, enquanto 28% dos entrevistados em 2010 declararam ter comprado carro nos 12 meses anteriores, neste ano, foram 38%. Entre os que têm um automóvel em casa, o percentual dos que informaram que usam o carro quase todos os dias aumentou de 15% para 23%. E 55% responderam que o trânsito na cidade é péssimo, enquanto em 2010, 37% tinham essa opinião.
Entre os entrevistados, 47% disseram que o tempo de espera nos pontos de ônibus aumentou (em 2010 eram 34%) e 19% alegaram perder mais de quatro horas nos congestionamentos. O estudo apurou que o tempo médio de deslocamento gasto no trânsito, diariamente, passou de 2h42, em 2010, para 2h49, este ano.
As medidas consideradas mais importantes pelos entrevistados são a construção de linhas de metrô e trem, a melhoraria da qualidade do transporte feito por ônibus e vans e a construção de mais corredores de ônibus ou ampliação dos existentes. Outros 23% reivindicam mais sinalização, item apontado por 23% das pessoas em 2010. O percentual de cidadãos que declararam que usariam a bicicleta como alternativa ao carro chegou a 48%, ante 18% em 2010.
Grajew disse não ter muita esperança de que a prefeitura resolva alguma das demandas da população, mas disse esperar que a próxima administração possa atender às reclamações, já que os problemas são conhecidos e confirmados pela pesquisa há cinco anos. “Nós conseguimos fazer com que, no Orçamento deste ano, houvesse R$15 milhões para que a cidade tivesse um plano de mobilidade. Estamos no mês de setembro e São Paulo não tem esse plano. Qualquer candidato que se apresentar para a prefeitura no ano que vem terá que responder com propostas concretas a essa expectativa da população”, disse.