Teerã deu em meados de fevereiro seu aval a uma retomada do diálogo com o grupo dos 5+1 (Aamir Qureshi/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de março de 2012 às 20h12.
Londres - Embarcações transportando pelo menos 360 mil toneladas de grãos estão alinhadas para descarregar no Irã, segundo mostraram dados de navegação da Reuters nesta quinta-feira, um sinal de que Teerã está conseguindo armazenar alimentos para neutralizar o impacto das duras sanções ocidentais.
O Irã tem comprado trigo em um ritmo frenético, encomendando uma grande parte do esperado para suas necessidades anuais em pouco mais de um mês, e pagando um prêmio em moedas que não o dólar, para contornar as sanções do Ocidente e evitar conflitos sociais.
Os embarques de alimentos não são alvos das sanções ocidentais, que visam o programa nuclear do Irã, mas as medidas financeiras congelaram as empresas iranianas de grande parte do sistema bancário global.
Desde o ano novo, algumas embarcações se afastaram do Irã sem descargar, depois de compradores iranianos terem sido atingidos por um aperto do financiamento, mas os dados de quinta-feira parecem mostrar que os embarques estão agora chegando.
Em um esforço para diminuir o impacto das sanções, o Irã já começou a comprar trigo de seu inimigo -os Estados Unidos.
As sanções tornam difícil a obtenção de cartas de crédito ou a realização de transferências internacionais de fundos através dos bancos.
Então, ao invés disso, o Irã iniciou uma onda de compras ambiciosa, adquirindo cerca de 2 milhões de toneladas de trigo desde fevereiro, com prêmio em relação aos preços do mercado internacionais, em moedas como o iene japonês e os rublos russos.
"Não há dúvida na minha cabeça de que é hedging geopolítico. Eles estão tentando obter o máximo (de trigo) que puderem para neutralizar o efeito de qualquer nova escalada das sanções internacionais", disse o analista de commodities do Rabobank, Nick Higgins.
"Acho que eles chegaram ao mercado de maneira dura e precoce e a partir de sua perspectiva limitaram as chances de que alguém pudesse reagir a essas grandes compras", acrescentou.