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CPI: inflação dos EUA cai em março em meio a tarifas de Trump

Dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo governo americano

Cesta de produtos em supermercado  (Justin Tallis/AFP)

Cesta de produtos em supermercado (Justin Tallis/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 10 de abril de 2025 às 09h33.

Última atualização em 10 de abril de 2025 às 12h29.

A inflação nos Estados Unidos teve queda em março e atingiu 2,4% na taxa anual, segundo o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), divulgado nesta quinta-feira, 10. O dado mostra um cenário de inflação esfriando, enquanto o presidente Donald Trump tem avançado com a implantação de tarifas comerciais sobre todos os países.

O dado de março veio abaixo do que a maioria dos analistas esperava. A expectativa do mercado era de avanço mensal de 0,1% e alta anual de 2,6%, segundo o Wall Street Journal.

Em fevereiro, o índice havia atingido 2,8% na taxa anual e 0,2% na variação mensal.

O núcleo do CPI, que exclui gastos com comida e energia, que são mais voláteis, avançou 0,1% no mês e 2,8% nos últimos 12 meses.

A categoria energia teve queda de 2,4% no mês, com destaque para a gasolina, que baixou 6,3%. A baixa do preço do combustível compensou a alta mensal de itens como eletricidade (0,9%) e gás encanado (3,6%). Na comparação anual, a gasolina baixou 9,8%.

O custo dos carros, uma das áreas mais atingidas pelas tarifas de importação de Trump, se manteve estável (0% de alta). Os veículos novos ficaram com a taxa em 0%, e os usados subiram 0,6%. O presidente determinou uma taxa de 25% sobre automóveis importados, que entrou em vigor em março, mas possui exceções para México e Canadá, dois dos países que mais vendem carros aos americanos.

Entre os itens que tiveram alta, houve elevações em cuidados pessoais, cuidados médicos e educação.

Na parte de alimentos, a carne bovina subiu 1,2% e os laticínios, 1% no último mês. Os ovos acumulam alta de 60% nos últimos 12 meses.

"Os dados trazem algum alívio em relação à trajetória inflacionária, mas a progressão futura continua sendo uma preocupação em meio às idas e vindas das tarifas de importação do governo americano, cujos efeitos ainda são incertos. A pausa de 90 dias para a maioria dos países pode aliviar as projeções, mas o impacto da tarifa sobre produtos da China tem potencial significativo", disse Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.

"O impacto pleno das tarifas anunciadas pelo governo Trump ainda não se refletiu nos preços. O avanço de tarifas e sua possível repasse às cadeias de produção devem pressionar os preços nos próximos trimestres, exigindo cautela por parte do Federal Reserve na condução da política monetária", afirmou Marianna Costa, economista-chefe da Mirae Asset.

Por que o CPI importa?

O índice de inflação serve como um dos termômetros dos efeitos das políticas de Donald Trump na economia. As políticas do republicano, como aumentar tarifas de importação sobre todos os países, trazem risco de ampliar a inflação no país e, ao mesmo tempo, de gerar uma recessão.

A meta do Fed, o banco central americano, é trazer a inflação americana para 2%. No entanto, a meta do Fed se baseia em outro indicador, o PCE, focado em gastos de consumo pessoal. O PCE de fevereiro, último dado disponível, apontou alta anual de 2,5%. Os dados de março serão divulgados em 30 de abril.

A inflação nos EUA chegou a 9,1% ao ano em junho de 2022, na esteira da crise gerada pela pandemia. Em resposta a isso, o Fed deu início a um ciclo de alta nos juros, que durou dois anos. O corte da taxa foi iniciado em setembro, quando os juros foram para a faixa de 4,75% a 5% ao ano. Foi a primeira baixa em quatro anos. Nos meses seguintes, houve novas baixas, e a taxa atual é de 4,25% a 4,5% ao ano. No fim de janeiro, o Fed pausou a queda da taxa de juros.

Os juros altos nos EUA atraem mais capitais ao país, o que reduz o fluxo para outros países, como o Brasil, que passam a ter mais dificuldade para captar recursos. A alta nos juros americanos também influencia a queda na taxa de juros do Brasil.

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