De acordo com membros do governo, o Partido Conservador não tinha ciência que Coulson recebia esses pagamentos (AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2011 às 06h14.
Londres - Andy Coulson, o ex-diretor do extinto tabloide britânico News of the World, recebeu pagamentos do grupo News International - braço da News Corporation no Reino Unido - mesmo após ter começado a trabalhar como assessor de comunicações do Partido Conservador britânico em julho de 2007, informa a rede BBC.
Um dos detidos pelo escândalo das escutas ilegais e propinas à Polícia que abalou o Reino Unido, Coulson teria recebido centenas de milhares de libras do grupo de Rupert Murdoch como indenização.
Segundo a BBC, os pagamentos a Coulson foram realizados em vários prazos até o fim de 2007, o que significa que ele manteve vínculo financeiro com a News International durante vários dos meses em que já trabalhava como principal assessor de comunicações do líder conservador e atual primeiro-ministro, David Cameron.
De acordo com membros do governo, o Partido Conservador não tinha ciência então que Coulson recebia esses pagamentos do grupo de Murdoch.
A BBC indica que, depois que Coulson deixou seu cargo na News International, em 26 de janeiro de 2007, a empresa se comprometeu a pagar-lhe o salário correspondente a seus dois anos de contrato como diretor do jornal, mas esse dinheiro lhe seria entregue a prazo.
A emissora britânica revela que Coulson também recebeu pagamentos correspondentes a lucros da News International durante três anos e manteve o carro da empresa.
Coulson foi designado diretor de comunicações do Partido Conservador em 31 de maio de 2007. Assumiu o cargo em julho seguinte, pelo qual recebia 275 mil libras anuais (R$ 730,5 mil).
Segundo a BBC, essa revelação gera polêmica quanto à imparcialidade de Coulson para assessorar Cameron de forma imparcial sobre assuntos relacionados à imprensa quando o atual chefe do Executivo ainda estava na oposição.
Andy Coulson - diretor do News of the World de 2003 a 2007 - deixou seu cargo no tabloide quando o então correspondente da Casa Real Clive Goodman, um dos principais envolvidos nos grampos de telefones privados, foi detidos por quatro meses em 2007 junto ao detetive Glen Mulcaire.
À época, Coulson negou saber sobre essas práticas ilegais no tabloide, mas argumentou que se sentiu obrigado a renunciar, já que as escutas tinham sido cometidas enquanto ele era diretor do dominical.