Refugiados: acompanhando a Áustria, a Macedônia fechou a sua fronteira com a Grécia para os afegãos, sem dar qualquer explicação oficial (Leonhard Foeger / Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de fevereiro de 2016 às 13h42.
A decisão da Áustria de restringir o trânsito de migrantes através do seu território começou a repercutir negativamente na Grécia, que protestou, e também irritou o governo alemão, a três dias de uma importante reunião da UE.
Desde sexta-feira, a Áustria limita a 80 o número de solicitações diárias de asilo no seu território, e a 3.200 o número de migrantes em trânsito.
Dois dias depois, a Macedônia fechou a sua fronteira com a Grécia para os afegãos, sem dar qualquer explicação oficial, de acordo com o ministério grego da Política Migratória. Nesta segunda-feira, a medida ainda estava em vigor.
De acordo com uma fonte policial, o ritmo de entrada de migrantes na Macedônia a partir da cidade grega de Idomeni, aberta a sírios e iraquianos, "desacelerou acentuadamente", razão pela qual mais de 5.000 estavam bloqueados nos posto de fronteira nesta segunda. Entre eles havia entre 500 e 600 afegãos.
Com cartazes pedindo "Abram as fronteiras" ou questionando "Por que este racismo?", os afegãos manifestavam na zona tampão. Dezenas de crianças exibiam cartazes com os dizeres: "Ajudem-nos a atravessar a fronteira".
"Nós vamos atravessar, caso contrário, vamos morrer aqui", declarou à AFP Mohamed Asif, um afegão de 20 anos.
"A gestão da fronteira será impossível se mais migrantes chegarem a Atenas", acrescentou Antonis Rigas, responsável da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Idomeni.
Precisamente, 3.000 migrantes e refugiados chegaram nesta manhã no porto de Pireu, perto de Atenas, desde as ilhas do Egeu oriental, a sua principal porta de entrada para a Europa. Na parte da tarde eram mais mil, de acordo com o ministério da Política Migratória.
Para evitar a acumulação de migrantes na passagem de Idomeni, as autoridades gregas suspenderam as viagens de ônibus até a fronteira.
Aqueles que chegam agora devem, portanto, ser distribuídos entre os acampamentos de Eleonas, perto do centro de Atenas, e do Schisto, no oeste da capital.
Para além destas medidas temporárias, o governo grego, com medo de não ser capaz de lidar com um acúmulo de refugiados que não podem seguir a rota dos Balcãs, empreendeu esforços diplomáticos ante as ações "unilaterais" dos seus vizinhos, informou o ministro Yannis Mouzalas.
"Mau sinal"
"Se a Áustria fecha suas fronteiras, haverá um efeito dominó" na rota migratória dos Balcãs, pela qual passam dezenas de milhares de pessoas, principalmente sírios, iraquianos e afegãos, previu recentemente uma fonte do governo grego.
As críticas da Grécia às medidas de Viena se somam às do ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, que considerou no domingo como "um mau sinal".
"A questão não pode ser tratada desta forma, alguns países acreditam que podem resolver o problema conferindo um peso adicional para a Alemanha (...), deixando passar e sem controlar" os migrantes lamentou De Maizière à emissora pública ARD.
A Áustria respondeu nesta segunda-feira às críticas do Comissário Europeu para as Migrações, Dimitris Avramopoulos, que em uma carta ao governo de Viena disse que a imposição de cotas era "claramente incompatível" com o direito comunitário.
A Áustria, rodeada exclusivamente por membros da UE do lado dos Balcãs, "não é o primeiro país seguro no qual essas pessoas colocam o pé", afirmou a ministra do Interior, Johanna Mikl-Leitner, referindo-se aos migrantes.
Viena também convidou os ministros do Interior dos países dos Balcãs para uma reunião a ser realizada na quarta-feira para coordenar "a gestão da migração" antes da reunião de ministros da UE na quinta-feira.