O navio Costa Concordia: navio está sendo rebocado em direção ao porto de Gênova (Tiziana Fabi/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2014 às 11h07.
Ilha de Giglio - O navio "Costa Concordia", cujo naufrágio, em janeiro de 2012, provocou a morte de 32 pessoas, partiu nesta quarta-feira da Ilha de Giglio para sua última viagem, acompanhado pela emoção dos habitantes da ilha toscana e de alguns sobreviventes.
"É difícil não ficar emocionado", admitiu Franco Porcellacchia, engenheiro da companhia Costa, armador do navio e um dos responsáveis pelo projeto de resgate da enorme embarcação.
Quase 500 engenheiros e operários, de todas as nacionalidades, trabalharam durante dois anos e meio na ilha de Giglio para fazer o navio de cruzeiro voltar a flutuar em setembro.
Assim, depois de ter naufragado em frente à ilha toscana, o enorme cruzeiro de luxo, de 300 metros de comprimento e capacidade para mais de 4.000 passageiros, zarpou para sua última viagem com a proa voltada para o norte da península italiana.
Cerca de 1.500 habitantes da ilha comemoraram com aplausos, cantos e apitos a saída do chamado "Titanic do século XXI", enquanto os sinos das igrejas soavam em memória das vítimas do naufrágio.
O navio, que pesa 112.000 toneladas e flutua graças a 30 recipientes repletos de ar que o cercam e que cumprem a função de flutuadores, está sendo rebocado em direção ao porto de Gênova, 280 km ao norte, para ser demolido.
Cercado por 12 embarcações que vigiam a operação, o "Costa Concordia" deve chegar ao porto de Gênova no sábado, onde será completamente desmantelado.
"Tudo está se desenvolvendo como o previsto. É um grande dia para a Ilha de Giglio. Mas descansaremos apenas quando chegar a Gênova", declarou Nick Sloane, o sul-africano encarregado desta operação titânica, única na história naval.
"Esperamos que com a partida do navio, todas as coisas que guardamos conosco partam também", declarou por sua vez à AFP, Anne Decré, do coletivo francês de sobreviventes do Costa Concordia, antes de acrescentar: "que este cruzeiro prossiga seu caminho, para que nós possamos continuar a nossa".
Segundo a rota prevista, o navio passará a 25 km da ilha francesa de Córsega e das ilhas italianas Elba e Capraia, esta última na Sardenha.
Este percurso preocupa os habitantes da ilha francesa de Córsega, que temem o derramamento de líquidos tóxicos e de petróleo que ainda se encontram nos depósitos da embarcação.
A ministra francesa do Meio Ambiente, Ségolène Royal, prometeu supervisionar a passagem do navio.
Ao longo de todo o trajeto, as diferentes embarcações que fazem parte do comboio, serão responsáveis por coletar eventuais detritos - malas, móveis, roupas, - além de controlar a qualidade da água.
Conduzido pelo armador italiano Costa (Grupo Carnival) e realizado pelo consórcio americano-italiano Titan-Micoperi, a operação de resgate do navio terá um custo total de cerca de € 1,5 bilhão.
O Costa Concordia naufragou depois de se chocar com um rochedo perto da ilha de Giglio, quando transportava mais de 4.200 pessoas de 70 nacionalidades.
O corpo de um garçom indiano, Russel Rebello, que ainda não foi encontrado, apesar dos intensos trabalhos de busca, também poderá ser encontrado no desmantelamento do navio.
Enquanto outros membros da tripulação negociam sentenças, o comandante do navio, Francesco Schettino, é o único que está sendo julgado em Grosseto (Toscana, centro) por homicídio por negligência, naufrágio e abandono de navio.