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Corte de gastos na Grã-Bretanha ameaça ideia de Cameron

Windsor - Após quase 100 dias no poder, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, está tendo dificuldades para vender sua visão de Estado reduzido aos eleitores que aguardam os cortes de gastos mais rígidos em décadas de governo. Cameron, que formou a primeira coalizão da Grã-Bretanha desde 1945 depois das eleições em maio, pretende diminuir o […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Windsor - Após quase 100 dias no poder, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, está tendo dificuldades para vender sua visão de Estado reduzido aos eleitores que aguardam os cortes de gastos mais rígidos em décadas de governo.

Cameron, que formou a primeira coalizão da Grã-Bretanha desde 1945 depois das eleições em maio, pretende diminuir o tamanho do governo, transferir mais responsabilidade à população local e expandir o papel do setor voluntário.

Chamando a ideia de "Grande Sociedade", o líder conservador diz que ela é sua "maior paixão", um novo tipo de política que, segundo ele, resultará na maior redistribuição de poder dos tempos modernos.

Entre as ideias discutidas estão encarregar grupos voluntários da reabilitação de prisioneiros libertos, da administração de grupos da juventude e de algumas bibliotecas e museus.

Cameron diz que a "capacitação da comunidade" vai além de conseguir caridades para realizar o trabalho do governo, e que ela dará mais poder aos cidadãos no gerenciamento da agência de correios local e na aprovação de planos de construção, por exemplo.

Contudo, a apatia pública, a oposição de sindicatos, tensões dentro da coalizão e a falta de financiamento podem destruir os planos do premiê, segundo analistas. O ministro das Finanças britânico, George Osborne, anunciará detalhes sobre as inéditas medidas de austeridade em 20 de outubro.


"Para fazer essas coisas você precisa ter mais dinheiro. Pedir não é suficiente", disse o professor Steven Fielding, diretor do Centro de Política Britânica da Universidade de Nottingham.

A ex-primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher, última líder britânica a recuar as fronteiras do Estado, teria adotado uma posição mais dura, fechando serviços e deixando que o setor privado fizesse sua parte, argumenta Fielding.

"A Grande Sociedade é a retórica com a qual Cameron está tentando convencer as pessoas de que não é Thatcher", disse ele.

Ainda assim, o conceito parece não ter capturado o imaginário das pessoas durante a campanha das eleições. Uma pesquisa da Ipsos MORI para a Reuters sugere que quase metade dos eleitores nunca ouviu falar da ideia.

A Grande Sociedade de Cameron foi comparada por analistas à "sociedade da propriedade" do ex-presidente norte-americano George W. Bush e à transferência de alguns dos poderes do Estado francês aos governos locais nos anos 1980.

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