Mundo

Corte de subsídios assusta doentes de Aids em Nova York

Pacientes protestaram contra o possível corte de 5 milhões de dólares da ajuda para ONGs que ajudam pessoas contaminadas pelo vírus da doença

Balões de campanha contra Aids: doentes reclamam dos cortes em Nova York

Balões de campanha contra Aids: doentes reclamam dos cortes em Nova York

DR

Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2011 às 18h47.

Nova York - A serenidade de Wayne, portador do vírus da Aids desde 1986, contrasta com as lágrimas de Doug, que soube que é soropositivo há um ano. No entanto, os dois se uniram nesta terça-feira, em Nova York, pela mesma causa: evitar os cortes nos subsídios para pessoas em sua situação.

"Quando soube que tinha Aids foi devastador. Era incapaz de funcionar sozinho. Vim aqui, hoje, apoiar as pessoas que vivem e que trabalham comigo", disse Doug Collins, de 44 anos, ao pé das escadarias da prefeitura de Nova York, onde se reuniram 200 trabalhadores de redes sociais e doentes de Aids para defender esta ajuda.

A situação "me faz sentir que possivelmente o governo já não está me reconhecendo como um ser humano, que entende a minha dor", acrescentou, entre soluços, este homem, falando dos cortes previstos pela prefeitura aos subsídios de alojamento e alimentação a quem sofre de Aids.

Segundo as ONGs que atuam na área, o prefeito Michael Bloomberg propõe cortar no orçamento de 2012 mais de 5 milhões de dólares em fundos dedicados à rede "Supportive housing", que reúne umas 200 ONGs do estado de Nova York que se ocupam dos sem-teto.

Várias destas ONGs de alojamento solidário se dedicam especialmente a dar teto, cuidados médicos e atenção a pessoas portadoras da Aids.

"Há 28.000 unidades de alojamento solidário e 4.400 delas são especificamente para pessoas com HIV", explicou à AFP Nicole Branca, encarregada da rede "Supportive Housing".

Além disso, Bloomberg quer deixar de pagar o quase um milhão de dólares anuais destinado ao projeto "Momentum", ativo há 25 anos e que serve 400 mil refeições ao ano para doentes com Aids e suas famílias.

Se para Doug tudo é recente e a emoção o leva às lágrimas, Wayne Starks, de 50 anos, um ex-motorista de ônibus portador do vírus desde 1986, se mostra firme na posição de trabalhador voluntário na "Vocal New York", uma ONG que ajuda pessoas com HIV e que não têm recursos suficientes.

"Lembro de quando não tinha teto. Sem o alojamento solidário, poderia estar morto. Lembro de quando tinha fome. Sem o 'Momentum', teria morrido de fome. Agora tenho casa e tenho comida na geladeira e trabalho como voluntário", contou.

"As pessoas com Aids não afundaram a economia. Wall Street o fez. Por que estamos sendo castigados por seus crimes?", perguntou Wayne, veterano da luta pelos direitos daqueles que sofrem desta doença incurável, que já matou 30 milhões de pessoas no mundo e cuja descoberta completa 30 anos no próximo 5 de junho.

Por sua vez, um administrador do "Momentum", o nutricionista Jan Zimmerman, destacou que as propostas do prefeito Bloomberg farão com que "as hospitalizações, o isolamento e a depressão aumentem".

"Veremos uma redução clara das pessoas que tomam corretamente seus medicamentos para combater a Aids", advertiu.

"Uma nutrição adequada tem resultados positivos em termos de saúde para todas as doenças crônicas, mas especialmente para o HIV", acrescentou.

Entre os presentes no protesto esteve Annabel Palma, membro do comitê de bem-estar geral do conselho municipal, que denunciou que "qualquer corte nestes programas vitais porá, literalmente, vidas em risco", segundo um comunicado.

Segundo números do Departamento de Saúde da prefeitura de Nova York, 107.000 moradores eram portadores da Aids no fim de 2010.

Acompanhe tudo sobre:AidsDoençasEpidemiasEstados Unidos (EUA)Metrópoles globaisNova YorkPaíses ricosSaúde

Mais de Mundo

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica