Rafael Correa, presidente do Equador (©AFP / Dani Pozo)
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2013 às 20h58.
Quito - O Equador garante hoje regras claras e estabilidade aos investidores privados, disse nesta quinta-feira o presidente reeleito do Equador, Rafael Correa, numa entrevista em que também abriu a possibilidade de que o país volte aos mercados globais de capital, caso seja necessário.
Correa inicia em maio seu segundo mandato, após cinco agitados anos em que o país declarou moratória de parte da sua dívida privada e renegociou multimilionários contratos petrolíferos, pelos quais as empresas que exploravam o produto passaram a ser meras operadoras de um negócio estatal.
Mas o economista de 49 anos diz que agora as coisas vão se acalmar no menor país da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep).
"Estão dadas todas as coisas, e não haverá grandes mudanças nem sequer em nível tributário ... então que seja bem-vindo esse investimento privado", disse o popular mandatário em entrevista à Reuters.
"Completamos 100 por cento dessa recuperação da soberania, renegociamos a dívida, renegociamos os contratos petroleiros, está aí a nova Constituição, está aí o novo código da produção, as regras de jogo claras, e agora só esperamos que continue vindo esse investimento." O presidente acha que setores estratégicos, como o minerador, serão uma importante fonte de divisas nos próximos anos e que isso lhe permitirá manter seus programas de ajuda social, base do seu grande apoio popular.
"Os setores estratégicos são o grande desafio para melhorar a economia e sustentar políticas sociais", disse o carismático governante socialista, que admitiu estar cansado, mas feliz, depois da sua segunda reeleição, no domingo, com quase 60 por cento dos votos.
Ele também afirmou que o Equador poderá voltar a emitir títulos de dívida nos mercados internacionais e assegurou que algumas praças financeiras "abrem os braços" ao país.
Após declarar uma moratória de 3,2 bilhões de dólares em sua dívida externa, o país andino se mantém afastado dos mercados de capitais. Ainda circulam cerca de 650 milhões de dólares em bônus globais com vencimento em 2015.
Segundo o índice EMBI+, do JPMorgan, que mede a sobretaxa dos bônus locais frente aos títulos de referência do Tesouro norte-americano, o Equador precisaria, para conseguir crédito, pagar 700 pontos-base acima dos rendimentos dos bônus dos Estados Unidos.
Correa comentou sobre a saúde do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, dizendo que o mandatário enfrenta um tratamento médico "bastante duro" contra o câncer.