Destroços do Airbus A330: equipe de busca ainda espera encontrar caixas-pretas (AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2011 às 11h06.
Paris - Os investigadores do acidente com o A330 da Air France no litoral brasileiro devem revelar nesta segunda-feira as primeiras imagens dos destroços da aeronave localizados no domingo. Segundo as autoridades francesas, também foram encontrados os corpos de alguns passageiros.
A investigação do acidente com o Airbus A330 ganhou no domingo um grande impulso com a localização de destroços da asa, reavivando as esperanças de que as caixas-pretas sejam encontradas e solucionem o enigma da tragédia que deixou 228 mortos no dia 1º de junho de 2009.
A ministra francesa dos Transportes, Nathalie Kosciusko-Morizet, informou que corpos foram vistos entre os destroços da cabine, fotografada por três submarinos automáticos Remus.
"Existem ainda alguns corpos na seção que foi encontrada", afirmou Kosciuscko-Morizet à rádio pública France Inter, acrescentando que será possível fazer uma identificação.
"Nem tudo explodiu... existe uma parte da cabine e, nessa parte, existem corpos", acrescentou.
"É uma grande parte do avião, que está inteira", disse ainda.
O chefe do Escritório de Investigação e Análise (BEA), Jean-Paul Troadec, enfatizou que os investigadores agora têm esperanças de encontrar os gravadores de bordo.
"A notícia favorável é que os destroços estão relativamente concentrados. Devido a isso, temos esperanças de encontrar as caixas-pretas", declarou.
Apenas as caixas-pretas, que registram os dados do voo e as conversas dos pilotos, podem explicar com exatidão o acidente.
O BEA indicou que divulgará "as primeiras imagens dos destroços localizados do avião" durante uma entrevista coletiva à imprensa na segunda-feira à tarde nas imediações de Paris.
Perguntado sobre o que já foi localizado, Troadec disse que foram encontradas "as turbinas e algumas partes da asa".
Segundo uma fonte ligada ao caso, os submarinos Remus, que realizam buscas no fundo do Oceano Atlântico "estão fotografando os destroços do avião presentes no local do acidente em um retângulo de 500 por 300 metros".
O BEA iniciou no dia 25 de março uma quarta fase de buscas no mar para encontrar os destroços do voo AF 447, que desapareceu no Oceano Atlântico em 1º de junho de 2009, deixando todos os 228 passageiros e tripulantes mortos. As causas exatas da tragédia ainda não foram elucidadas.
A nova fase de buscas foi iniciada em uma zona de 10.000 km2, ou seja, um raio de 75 quilômetros em torno da última posição conhecida do voo AF 447.
Uma quinta fase deve ser lançada em breve para recuperar partes da aeronave.
A causa oficial da tragédia ainda permanece indeterminada, mas foi parcialmente atribuída ao mau funcionamento dos sensores de velocidade usados pelos Airbus.
Até o momento, o BEA considera que a falha dessas sondas de velocidade é um dos elementos que explicam o acidente, mas que esta pode não ser a única causa da catástrofe.
Estas sondas chamadas de Pitot, fabricadas pela francesa Thales, tinham problemas de congelamento em altas altitudes, que as tornavam inoperantes.
Os investigadores esperam que trazer os destroços do avião à superfície ajude a explicar como o avião se acidentou.
"Estudar como ele se partiu, como as peças ficaram retorcidas, vai mostrar se o avião caiu no mar de barriga, de lado, etc. Isso talvez dê alguma indicação da velocidade do impacto", afirmou uma fonte ligada às investigações.
"Esta localização, apenas alguns dias após o lançamento da quarta fase de buscas no mar financiada pela Air France e pela Airbus (cerca de 9 milhões de euros), é uma notícia muito boa porque traz esperanças de que possamos finalmente obter informações sobre as causas desse acidente até hoje não e7xplicado", declarou o diretor executivo da Air France-KLM, Pierre-Henri Gourgeon.
"Talvez possamos dar respostas às questões que foram colocadas depois do dia 1º de junho de 2009 pelas famílias das vítimas, por nossa companhia e por toda a comunidade aérea mundial relacionadas aos fatos que levaram a esse trágico acidente", acrescentou Gourgeon em um documento.
O presidente da associação francesa de famílias das vítimas "Ajuda Mútua e Solidariedade AF447", Jean-Baptiste Audousset, também considerou que a localização dos destroços é "uma esperança para as famílias". "Mas vamos nos manter extremamente prudentes", acrescentou, ressaltando que as famílias aguardam a apresentação de provas.