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Corpos dos jornalistas assassinados continuam na Colômbia, diz Equador

Autoridades do Equador e da Colômbia discordam sobre paradeiro dos jornalistas sequestrados e nacionalidade do responsável pelo assassinato

Equador: os jornalistas foram sequestrados e mortos por guerrilheiros na Colômbia (Daniel Tapia/Reuters)

Equador: os jornalistas foram sequestrados e mortos por guerrilheiros na Colômbia (Daniel Tapia/Reuters)

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AFP

Publicado em 17 de abril de 2018 às 16h06.

O governo do Equador assegurou neste domingo (15) que os jornalistas sequestrados por rebeldes dissidentes das Farc foram assassinados em território colombiano e que seus corpos continuam lá.

A declaração do ministro do Interior, César Navas, a uma emissora colombiana atiça ainda mais as contradições entre os dois países desde que houve o sequestro, em 26 de março.

"Estavam em território colombiano e estão em território colombiano", afirmou Navas em uma entrevista ao canal internacional NTN24.

"Foram assassinados em território colombiano", acrescentou.

O jornalista Javier Ortega (32 anos), o fotógrafo Paúl Rivas (45) e o motorista Efraín Segarra (60) do jornal "El Comercio" de Quito foram sequestrados por guerrilheiros que se afastaram do processo de paz na Colômbia.

Estando em cativeiro e acorrentados, foram executados a tiros, de acordo com fotos divulgadas pelos sequestradores. Os corpos ainda não foram recuperados.

Em coletiva de imprensa posterior em Quito, Navas afirmou que "não se sabe onde estão os corpos", embora tenha dito que "estiveram em território colombiano".

Desde que ocorreu o sequestro em Mataje, uma localidade equatoriana na fronteira com a Colômbia, os dois governos forneceram informações contraditórias sobre o local para onde os reféns foram levados e onde foram executados.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, assegura que foram sequestrados e assassinados no Equador.

As versões entre governos diferem também na nacionalidade do responsável pelo assassinato, apelidado Guacho, líder da Frente Oliver Sinisterra, um grupo dissidente do processo de paz com as Farc.

Quito disse neste domingo que o suposto responsável é de nacionalidade colombiana, e Bogotá disse que é equatoriano.

Santos afirmou ao fim de uma reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa, na cidade colombiana de Medellín, que prometeu ao presidente do Equador, Lenín Moreno, que o assassino dos jornalistas "cairá vivo ou morto".

"Guacho vai cair, cedo ou tarde, mas vai cair, eu disse ontem (sábado) ao presidente Moreno", contou Santos.

O presidente colombiano admitiu que cartéis de droga mexicanos exercem influência na área de fronteira onde opera o grupo que assassinou os doi jornalistas e o motorista do jornal El Comercio.

"Os cartéis mexicanos, que estão muito presentes, percebem que uma de suas principais fontes no fornecimento de cocaína está secando, por isso estão tentando gerar violência", afirmou.

"Guacho está em uma lista que temos de alvos de alto valor, nenhum criminoso que chegou a essa lista está vivo, ou está na prisão", acrescentou o presidente.

Em sua entrevista, Nava explicou que a operação realizada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para a recuperação dos corpos "não tem data" de término, sem dar mais detalhes.

O assassinato consternou o Equador e motivou a condenação da comunidade internacional.

Neste domingo, depois da tradição Oração do Angelus na Praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano, o papa Francisco falou da "dor" que sentiu ao saber da morte dos comunicadores.

"Rezo por eles e suas famílias, e estou perto do querido povo equatoriano, animando-o a avançar unidos e em paz, com a ajuda do Senhor e de sua Santa Mãe", disse.

A arquidiocese de Quito realizou uma missa neste domingo na Catedral em memória da equipe jornalística. Também ordenou que em cada igreja façam uma oração por eles e suas famílias.

Após confirmarem na sexta-feira o assassinato, Bogotá e Quito lançaram imediatamente uma ofensiva militar coordenada para capturar Guacho.

Em seu comparecimento, o ministro detalhou que no Equador foram mobilizados 550 efetivos, entre militares e policiais, e que empregaram helicópteros, um avião e tanques blindados.

Até a manhã deste domingo, sete pessoas estavam detidas, entre elas um especialista em explosivos e segurança, vinculadas ao grupo de Guacho.

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