Peru: o presidente Martín Vizcarra decretou três dias de luto nacional pela morte de García (Guadalupe Pardo/Reuters)
Reuters
Publicado em 18 de abril de 2019 às 12h06.
Lima — O corpo do ex-presidente peruano Alan García estava sendo velado nesta quinta-feira na sede do partido político que o levou a presidir o país duas vezes, e o governo decretou três dias de luto nacional devido à sua morte repentina.
Na sede da Apra, um dos partidos mais antigos da América Latina, centenas de simpatizantes, amigos e dirigentes de diversos partidos políticos se aproximavam do caixão de García, que foi levado ao local na noite de quarta-feira em um carro fúnebre escoltado por dezenas de policiais motorizados.
"Alan dignidade", "Alan dignidade", bradaram seus seguidores, muitos erguendo lenços brancos na sede partidária, chamada "A Casa do Povo" e localizada no centro de Lima.
García, de 69 anos, se suicidou com um tiro na cabeça quando a polícia chegou à sua casa para prendê-lo em decorrência de uma investigação de corrupção que envolve a construtora brasileira Odebrecht, em uma reviravolta dramática no maior escândalo de subornos da América Latina.
O presidente Martín Vizcarra decretou três dias de luto nacional pela morte de García e ordenou que a bandeira peruana seja hasteada a meio mastro em todos os edifícios públicos, incluindo o Congresso, onde García foi deputado.
O governo ofereceu à família de García uma cerimônia com honras, como corresponde a um ex-presidente, mas esta a recusou e preferiu um velório privado com amigos, disse o secretário pessoal de García, Ricardo Pinedo.
O velório teve a presença de políticos e parlamentares de vários partidos, entre eles a vice-presidenta Mercedes Aráoz, que foi ministra da Economia no segundo mandato de García.
A morte de García pode aprofundar a divisão entre o governo de Vizcarra e a oposição de direita que controla o Congresso, onde o ex-mandatário tinha aliados influentes.
Durante o velório, partidários do ex-presidente gritaram "Vizcarra assassino", uma alusão às críticas recentes de García, que havia se declarado um "perseguido político".
Segundo a polícia e pessoas próximas do ex-mandatário, García usou uma das cinco armas de fogo que tinha em seu poder para tirar a vida. Após o disparo contra a cabeça, policiais que iam detê-lo o levaram ao hospital mais próximo, mas o político morreu cerca de três horas depois.
Se a detenção de García tivesse sido efetuada, ele teria se convertido no terceiro ex-presidente do Peru a ser preso no caso Odebrecht. Ollanta Humala passou nove meses em prisão preventiva entre 2017-2018, Pedro Pablo Kuczynski foi preso sem acusações na semana passada e Alejandro Toledo luta contra um pedido de extradição dos Estados Unidos.
Todos negaram as acusações.