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Coronavírus pode levar mais pessoas a buscar asilo na UE, diz agência

O surto da doença no Oriente Médio e no norte da África podem causar escassez de alimentos e fortalecer grupos como o Estado Islâmico

UE: Países do grupo no Mar Mediterrâneo disseram que a covid-19 torna mais difícil aceitar imigrantes resgatados no mar. A agência de direitos humano Conselho da Europa disse a Malta que a lei humanitária internacional a obriga a aceitar imigrantes resgatados, apesar do vírus. (David Ramos/Getty Images)

UE: Países do grupo no Mar Mediterrâneo disseram que a covid-19 torna mais difícil aceitar imigrantes resgatados no mar. A agência de direitos humano Conselho da Europa disse a Malta que a lei humanitária internacional a obriga a aceitar imigrantes resgatados, apesar do vírus. (David Ramos/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 12 de maio de 2020 às 14h10.

Última atualização em 12 de maio de 2020 às 14h13.

O isolamento do coronavírus diminuiu o número de postulantes a asilo que conseguem chegar à Europa, mas a pandemia pode desencadear mais chegadas no futuro se agravar tumultos no Oriente Médio e no norte da África, disse a agência de asilo da União Europeia.

Com as viagens globais praticamente suspensas, a agência disse que em março o bloco só registrou cerca de metade dos pedidos de asilo de fevereiro. A agência de fronteiras da UE também disse que as travessias ilegais para a Europa caíram pela metade entre fevereiro e março.

Mas a agência disse que os surtos de coronavírus no Oriente Médio e no norte da África podem causar escassez de alimentos, desestabilizar a segurança e fortalecer grupos militantes como o Estado Islâmico, o que poderia levar a "aumentos na migração relacionada a asilo no médio prazo", disse a entidade em um relatório.

"Os principais países de origem de postulantes a asilo têm uma vulnerabilidade de média para alta a riscos (incluindo infecções) e sofrem de falta de capacidade de reação", disse.

"O risco de efeitos desestabilizadores resultantes de surtos de covid-19 tem o potencial de afetar tendências futuras de asilo".

Desde que mais de 1 milhão de postulantes a asilo chegaram ao bloco em 2015, a UE reprimiu a imigração e ajudou Turquia e Líbia a fecharem as principais rotas usadas pelos imigrantes. Dados da UE mostram que menos de 123 mil pessoas rumaram para o bloco no ano passado e só 22 mil neste ano até o momento.

Alguns países da UE no Mar Mediterrâneo disseram que a crise do coronavírus torna mais difícil aceitar imigrantes resgatados no mar. O Conselho da Europa, uma agência de direitos humanos, escreveu a Malta na semana passada dizendo que a lei humanitária internacional a obriga a aceitar imigrantes resgatados, apesar do vírus.

A comissária de Assuntos Internos da UE, Ylva Johansson, planeja propor em breve uma reforma do sistema de asilo do bloco, que falhou no período de 2015-16 quando países da linha de frente do sul acusaram outros do bloco de não os ajudar a lidar com a chegada de imigrantes e refugiados em massa.

A coesão da UE foi prejudicada quando nações ricas, como Alemanha e Suécia, também repreenderam vizinhos do leste, como Polônia e Hungria --que têm governos nacionalistas e eurocéticos--, por se recusarem a receber qualquer um dos recém-chegados.

"Nosso pacto futuro de migração e asilo se firma na ideia de que a migração é normal, de que precisamos administrá-la racionalmente trabalhando juntos", disse Johansson.

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