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Coronavírus circulou silencioso por semanas na Itália, dizem pesquisadores

O paciente zero da Itália ainda não foi encontrado, mas o paciente 1 é considerado a fonte dos focos na Lombardia e em Veneto

Itália: país foi o primeiro lugar da Europa a ter surto do coronavírus (Manuel Silvestri/Reuters)

Itália: país foi o primeiro lugar da Europa a ter surto do coronavírus (Manuel Silvestri/Reuters)

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AFP

Publicado em 28 de fevereiro de 2020 às 11h36.

Pesquisadores de um hospital especializado em Milão conseguiram isolar a versão italiana do novo coronavírus, que "circulou despercebido por semanas" na península - afirmam esses especialistas que tentam rastrear a origem da epidemia.

"A epidemia não é nova no país, e o vírus circula despercebido há várias semanas, antes dos primeiros casos confirmados da doença", explicou o professor Massimo Galli, cuja equipe isolou a cepa italiana do vírus, em entrevista ao canal público Rainews 24 nesta sexta-feira (28).

"Esta não é uma descoberta incrível. É normal para um laboratório como o nosso, mas contribuirá para a pesquisa sobre a dinâmica da epidemia na Itália", continuou o professor Galli, diretor do hospital Sacco de Milão, especializado em doenças infecciosas.

Ele disse estar convencido de que o estudo da versão italiana do vírus "ajudará a entender melhor e a conter esta epidemia".

Com 650 pessoas testadas positivas, das quais apenas 303 são consideradas realmente doentes, a Itália é o país da Europa mais afetado pela atual epidemia.

Liderada pela professora de imunologia Claudia Balotta, a equipe de pesquisa do Sacco trabalhou em amostras de três pacientes da "zona vermelha" em torno de Codogno, na Lombardia (região de Milão, ao norte), hospitalizadas entre sexta e sábado.

 

Codogno (15.000 habitantes) é o local onde a epidemia italiana começou com um doente, chamado paciente 1.

O paciente zero ainda não foi encontrado, mas o paciente 1 é considerado a fonte dos dois focos existentes na Itália: o primeiro, como se afirmou, na Lombardia, e o segundo, em Veneto (nordeste), perto de Pádua.

Esse paciente 1, um executivo de 38 anos da empresa anglo-holandesa Unilever hospitalizado desde 19 de fevereiro, primeiro em Codogno e depois em Pavia, contaminou involuntariamente sua esposa grávida, um amigo e depois frequentadores de um bar de Codogno, seus médicos, a equipe de saúde e pacientes do hospital local e seus parentes.

"Polêmicas inúteis"

A Lombardia concentra 403 casos entre as 650 pessoas que testaram positivo na Itália, onde o coronavírus causou, desde a sexta-feira passada, 17 mortes entre idosos e pessoas com patologias graves pré-existentes.

A professora Balotta explicou que "estudar as diferenças entre a cepa italiana e o coronavírus chinês permitirá estabelecer seu percurso na Itália, as relações entre o foco lombardo e o de Veneto e todos os contágios sucessivos".

Galli varreu as "polêmicas inúteis" sobre o fato de a Itália ter realizado muitos testes (mais de 12.000 desde sexta-feira), o que explicaria o aumento exponencial do número de casos - a maioria de pessoas que não estão doentes.

"O aumento no número de casos que vemos dia a dia não corresponde a novas infecções que aparecem da noite para o dia", disse ele, argumentando que essas são, principalmente, infecções antigas de parentes de pessoas já doentes.

Os pesquisadores procuram "testar todas as pessoas que estiveram em contato com pacientes para os quais há informações claras sobre a doença".

É essencial voltar às primeiras versões do vírus, quando ele apareceu na Itália, "para ajudar a conter a epidemia e impedir que ela se espalhe", insistiu.

Segundo a professor Ballotta, "levará semanas para determinar a data exata da chegada dessa cepa na Itália, provavelmente quando a epidemia terminar".

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