Religião: organizações religiosas protestaram por considerar que seu trabalho é um "serviço espiritual" e não deveria estar sujeito a encargo (Chung Sung-Jun / Getty Images/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2015 às 07h46.
Seul - Monges budistas, sacerdotes católicos, pastores protestantes e outros religiosos da Coreia do Sul pagarão impostos devido a uma histórica e controvertida lei que recebeu nesta terça-feira o sinal verde do Conselho de Ministros de Seul.
A ratificação chega após quase quatro décadas de debate sobre a possibilidade de taxar o clero, e três anos depois de o governo propôr a lei, baseada no princípio de que todos os cidadãos que tenham renda devem obedecer ao mesmo sistema fiscal.
A Assembleia Nacional (parlamento) de Seul aprovou a lei na quarta-feira passada com 195 votos a favor, 20 contra e 50 abstenções, e ela só dependia agora da ratificação do Conselho de Ministros para entrar em vigor.
O longo processo de aprovação da lei foi marcado pela polêmica, já que algumas organizações religiosas protestaram por considerar que o trabalho de seus clérigos é um "serviço espiritual" e portanto não deveria estar sujeito a encargo, como era até agora.
Os políticos dos dois principais partidos sul-coreanos se mostraram especialmente cautelosos para aprovar esta lei por medo de os influentes pastores protestantes incitassem os fiéis contra eles desde os púlpitos, o que só aconteceu em casos isolados.
Os sacerdotes católicos pagam impostos voluntariamente desde os anos 90, mas no budismo, confissão caracterizada por maior austeridade, os monges não costumam contribuir ao erário.
Há na Coreia do Sul cerca de 364 mil sacerdotes, monges, pastores e outros clérigos que atendem à parte da população sul-coreana que pratica alguma religião, metade dos 50 milhões de habitantes do país.