Mundo

Coreia do Sul irá reformar pistas de vários aeroportos após acidente da Jeju Air

Especialistas em segurança aérea sugeriram que o muro de concreto no final da pista do Aeroporto Internacional de Muan, na Coreia do Sul, contribuiu para o alto número de mortos no acidente

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 08h28.

A Coreia do Sul planeja alterar estruturas próximas às pistas de vários aeroportos após o acidente com um avião da Jeju Air no mês passado, quando uma aeronave pousou de barriga, deslizou até uma barreira de concreto e explodiu em uma bola de fogo. Em sete dos 14 aeroportos domésticos e internacionais do país, estruturas que abrigam antenas e outros dispositivos de navegação não atendiam aos padrões de segurança, informou o Ministério dos Transportes na segunda-feira.

A inspeção de segurança foi realizada após o acidente com um avião da Jeju Air no Aeroporto Internacional de Muan, em 29 de dezembro, que resultou na morte de 179 das 181 pessoas a bordo. Autoridades ainda estão investigando a causa do acidente, um processo dificultado pela falha do gravador de voo em registrar os últimos quatro minutos de dados.

O voo 7C2216 da Jeju Air desceu sem flaps ou trem de pouso acionados, derrapou para além da pista e colidiu com uma barreira de concreto que continha um localizador, uma matriz de antenas usada para guiar aeronaves durante o pouso. Especialistas em segurança sugerem que a colisão com a barreira pode ter contribuído para o alto número de mortes. Foi o acidente aéreo mais mortal em solo sul-coreano.

Logo após o acidente, autoridades sul-coreanas afirmaram que a barreira próxima à pista atendia aos regulamentos de segurança. Nos dias seguintes, no entanto, anunciaram que revisariam a localização e a estrutura da barreira para avaliar possíveis alterações.

A revisão do ministério revelou que, em sete aeroportos do país — incluindo o de Muan —, as estruturas com dispositivos de navegação foram construídas com materiais rígidos, como concreto ou aço, que poderiam agravar os danos em caso de colisão de uma aeronave que ultrapassasse ou saísse da pista.

O ministério afirmou que finalizaria os planos para melhorar as estruturas até o final do mês. A Korea Airports Corporation, uma empresa estatal que opera mais de uma dúzia de aeroportos, incluindo o de Muan, não comentou a declaração do ministério, mas afirmou que “cooperaria com o governo”.

A Coreia do Sul é amplamente reconhecida por suas práticas de segurança aérea de ponta. A tragédia com a Jeju Air chocou a comunidade global de aviação e levou alguns especialistas a pedirem uma revisão mais ampla das barreiras próximas às pistas, não apenas na Coreia do Sul, mas internacionalmente.

As áreas de segurança das pistas de um aeroporto são projetadas para oferecer uma zona desobstruída para aeronaves que possam sair da pista durante o pouso. Qualquer estrutura nessas áreas deve ser frangível, ou seja, deve se romper ou ceder para minimizar os danos em um acidente, de acordo com os padrões estabelecidos pelos Estados Unidos e pelas Nações Unidas.

A Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), uma agência da ONU que estabelece padrões globais de segurança, recomenda que uma zona de amortecimento padrão se estenda por 300 metros a partir do final de uma pista. No entanto, essa distância é apenas uma diretriz, não um requisito.

No aeroporto de Muan, a estrutura de concreto rígido, cercada por um monte de terra, estava localizada a cerca de 250 metros do final da pista. Investigadores do governo descobriram que três aeroportos menores na Coreia do Sul — que atendem às cidades de Gwangju, Yeosu, Pohang e Gyeongju — tinham estruturas de concreto semelhantes acima do solo. Outros aeroportos tinham estruturas com bases de concreto que se projetavam parcialmente ou estavam completamente acima do solo, feitas de aço.

No principal hub internacional da Coreia do Sul, o Aeroporto Internacional de Incheon, os localizadores estavam abrigados em estruturas feitas de materiais facilmente quebráveis e, portanto, não considerados um risco de segurança, segundo as autoridades.

Ao mesmo tempo, Sangdo Kim, ex-embaixador sul-coreano na agência de aviação da ONU e ex-vice-ministro de aviação civil, pediu uma ação internacional sobre o assunto, destacando que as autoridades sul-coreanas identificaram uma ampla variação nas estruturas usadas para montar dispositivos de navegação.

"Para evitar a repetição de acidentes semelhantes, todos os países devem verificar voluntariamente as estruturas que abrigam localizadores", afirmou ele.

 

Acompanhe tudo sobre:Coreia do SulÁsiaacidentes-de-aviaoAeroportos

Mais de Mundo

Novo primeiro-ministro francês enfrenta primeiro momento-chave para sobrevivência de seu governo

Posse de Trump tem esquema de segurança contra ameaça de "lobos solitários"

Negociadores discutem “pontos técnicos”, mas trégua em Gaza já está fechada, diz Hamas

Dubai terá escola de elite com heliponto e mensalidades de até US$ 56 mil