Park Geun-Hye, acena para eleitores: a política conservadora substituirá em fevereiro seu companheiro de partido Saenuri, o atual presidente Lee Myung-bak (Jung Yeon-Je/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de dezembro de 2012 às 13h09.
Seul - A Coreia do Sul encerrou, com a eleição de sua primeira mulher presidente, um 2012 marcado pela tensão com a Coreia do Norte, o conflito histórico com o Japão e os escândalos de corrupção que mancharam familiares e colaboradores do chefe de Estado, Lee Myung-bak.
Filha do falecido ditador Park Chung-hee, que nos anos 60 e 70 impulsionou um rápido avanço econômico manchado por graves violações dos direitos humanos, Park Geun-hye foi sem dúvida o personagem mais destacado dos últimos e intensos 12 meses na Coreia do Sul.
Após uma acalorada campanha, Park, de 60 anos, solteira e sem filhos, foi escolhida como a primeira mulher presidente na breve história deste país fundado em 1948, ao acumular 51,6% de apoio no pleito de 19 de dezembro contra 48% de seu rival, o progressista Moon Jae-in.
A política conservadora substituirá em fevereiro seu companheiro de partido Saenuri, o atual presidente Lee Myung-bak, que chegou desgastado a seu quinto e último ano de mandato depois que vários escândalos de corrupção atingiram seus parentes e ajudantes mais próximos.
Um deles esteve ligado à compra fracassada e supostamente irregular de terrenos onde o governante pretendia construir sua futura residência. Neste caso, o irmão mais velho, o filho e os serviços de segurança do presidente foram investigados, e sua esposa foi interrogada.
Outro de seus irmãos, Lee Sang-deuk, foi preso em julho após ser acusado de receber subornos de diversas entidades, o que levou o próprio Lee Myung-bak a pedir perdão aos cidadãos em discurso transmitido nas principais emissoras de televisão do país.
Quanto às sempre conflituosas relações com a Coreia do Norte, o presidente Lee manteve em seu último ano no poder as políticas de linha dura empreendidas em 2010, ano no qual deu início a uma longa etapa de tensão com o país vizinho.
Com isso, Seul restringiu ao máximo os contatos com o Norte, intensificou sua preparação militar e prometeu responder de forma contundente a qualquer tipo de agressão.
Além disso, em setembro os EUA atenderam a uma antiga reivindicação da Coreia do Sul de ampliar a categoria de seus mísseis balísticos a 800 quilômetros, o que em caso de conflito lhe permitiria atingir alvos em todo o território norte-coreano.
Outra crise aberta neste ano para a Coreia do Sul, neste caso diplomática, foi com o Japão, depois que o presidente Lee visitou em agosto as ilhotas de Dokdo/Takeshima, governadas de fato por Seul, mas reivindicados por Tóquio.
A visita ao pequeno arquipélago, a primeira de um chefe de Estado sul-coreano, deu início a uma série de atritos entre os dois governos, que também mantêm disputas por suas diferentes visões históricas sobre a colonização japonesa da Coreia na primeira metade do século XX.
Um dos objetivos da Coreia do Sul para 2012 era pôr em órbita um satélite por meio de um foguete de fabricação parcialmente local - o Naro - após duas tentativas fracassadas em anos anteriores, mas diversos problemas técnicos adiaram os lançamentos previstos em outubro e dezembro.
Paradoxalmente, a Coreia do Norte conseguiu a façanha antes do Sul, em dezembro, para espanto generalizado e condenação tanto de Seul como de grande parte da comunidade internacional.
No plano econômico, 2012 se caracterizou pela desaceleração na Coreia do Sul, cujas previsões de crescimento do PIB caíram de 3,5% para 2,4% no final de ano.
As dificuldades neste âmbito da quarta maior economia da Ásia tiveram sua compensação no campo esportivo, com um resultado histórico de 13 medalhas de ouro que colocaram a pequena Coreia do Sul como quinta principal potência esportiva dos Jogos Olímpicos de Londres.