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Coreia do Sul é pressionada para desenvolver arsenal nuclear

Com a crescente disputa entre EUA e Coreia do Norte, autoridades sul-coreanas recebem apelos para desenvolver suas próprias armas nucleares

Coreia do Sul: essa atitude pode complicar ainda mais a situação na região (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Coreia do Sul: essa atitude pode complicar ainda mais a situação na região (Chung Sung-Jun/Getty Images)

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AFP

Publicado em 11 de agosto de 2017 às 10h59.

À medida que cresce a disputa entre Estados Unidos e Coreia do Norte, multiplicam-se em Seul os apelos para que a Coreia do Sul desenvolva seu próprio arsenal nuclear, uma iniciativa que pode complicar ainda mais a situação na região.

A Coreia do Sul acolhe 28.500 soldados americanos estacionados no território para defender o país contra seu vizinho do norte.

Seul não tem direito a fabricar suas próprias armas nucleares desde a assinatura, em 1974, de um tratado sobre energia atômica com Washington que, em compensação, protege os sul-coreanos com seu "guarda-chuva nuclear".

Em meio às constantes ameaças, por parte de Pyongyang, de transformar Seul em um "mar de chamas", são cada vez mais maiores as dúvidas sobre a vontade real de Washington de defender a Coreia do Sul, ainda que pondo em perigo algumas cidades americanas.

Nos últimos tempos, os meios de comunicação encabeçam uma campanha para pedir às autoridades que mudem de estratégia. A Coreia do Sul é um país de ponta em termos tecnológicos e, segundo analistas, poderia fabricar uma bomba nuclear em questão de meses.

"Chegou a hora de considerar as armas nucleares", escreveu nesta sexta-feira o jornal "Korea Herald".

Provocações

"A confiança no 'guarda-chuva' americano pode sofrer abalo", alerta o jornal, que incentiva Washington a posicionar armas nucleares no Sul, caso Seul não queira desenvolver seu próprio arsenal nuclear.

Depois da Guerra da Coreia (1950-1953), o governo dos Estados Unidos posicionou armas atômicas no Sul, mas acabou por retirá-las depois que as duas Coreias se comprometeram, em 1991, com a desnuclearização da península.

Quinze anos depois, em 2006, Pyongyang realizou seu primeiro teste nuclear e, em 2009, renunciou oficialmente a esse compromisso.

As tensões cresceram entre Estados Unidos e Coreia do Norte nos últimos meses, alcançando um clímax quando o presidente Donald Trump prometeu esta semana "fogo e fúria" contra Pyongyang, se o regime comunista continuar ameaçando seu país.

O regime norte-coreano declarou, por sua vez, que Trump "perdeu o juízo" e anunciou um plano de lançar quatro mísseis balísticos contra o território americano de Guam, no Oceano Pacífico.

Essa nova guerra retórica preocupa os sul-coreanos, apesar de estarem acostumados às provocações do Norte. Um conflito com o país vizinho teria consequências devastadoras para a Coreia do Sul, a quarta economia asiática, que está ao alcance da potente artilharia de Pyongyang.

Equilíbrio do terror

Em julho, Pyongyang fez testes bem-sucedidos de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM, na sigla em inglêes), os quais têm capacidade para alcançar o território americano.

"A catástrofe à espreita", publicou o jornal "Chosun" esta semana. "Todas as opções, inclusive as que pareciam impensáveis, devem ser colocadas sobre a mesa".

O regime norte-coreano, que sonha com fabricar um ICBM capaz de portar uma ogiva nuclear até o solo americano, fez cinco testes nucleares, três deles depois da chegada de Kim Jong-Un ao poder, em dezembro de 2011.

No ano passado, uma pesquisa apontou que pelo menos 57% dos sul-coreanos eram partidários de um arsenal nuclear próprio, contra 31% que se opõem a essa política.

"Devemos dispor de nossas próprias opções militares para vencer o Norte", considera o "Korea Economic Daily", que defende o "equilíbrio do terror".

Não cabe dúvidas de que Pyongyang se enfureceria, se Seul tivesse uma arma nuclear, já que o regime justifica seus programas balístico e nuclear pela necessidade de se defender das ameaças de invasão de seu território.

Se a Coreia do Sul der esse passo, pode ser ainda mais difícil atrair seu vizinho para a mesa de negociações.

"Esse suposto 'equilíbrio do terror' converteria a península no cenário de uma corrida pelas armas nucleares, e não em uma península pacífica", vaticina o professor Yang Moo-Jin, da Universidade de Estudos Norte-Coreanos, de Seul.

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