O regime norte-coreano acelerou consideravelmente nos últimos dois anos o desenvolvimento de seus programas militares, aumentando os testes nucleares e balísticos (KCNA/Divulgação)
AFP
Publicado em 24 de dezembro de 2017 às 10h38.
Última atualização em 11 de janeiro de 2018 às 15h54.
A Coreia do Norte chamou, neste domingo (24), de "ato de guerra" as novas sanções votadas pelo Conselho de Segurança, reafirmando que elas não o impedirão de realizar seus programas nuclear e balístico.
"Nós rejeitamos totalmente as últimas sanções da ONU (...) como um ataque violento à soberania da nossa república e um ato de guerra que destrói a paz e a estabilidade da península coreana e da região", declarou o ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte em comunicado emitido pela agência oficial KCNA.
O Conselho de Segurança da ONU endureceu, na sexta-feira (22), as medidas de represália contra a Coreia do Norte por meio do voto unânime de uma resolução dos Estados Unidos, visando o petróleo e os trabalhadores norte-coreanos no exterior.
O regime norte-coreano acelerou consideravelmente nos últimos dois anos o desenvolvimento de seus programas militares, aumentando os testes nucleares e balísticos.
Seu líder Kim Jong-Un proclamou, em 29 de novembro, que seu país havia se tornado um Estado nuclear depois de testar com sucesso um novo tipo de míssil capaz, segundo ele, de atingir qualquer lugar nos Estados Unidos.
Esta é a nona série de sanções particularmente drásticas da ONU contra Pyongyang. As últimas três foram adotadas este ano sob a instigação dos Estados Unidos após testes de mísseis e um teste nuclear.
Washington apresentou na quinta-feira (21) um projeto de resolução após conversas com a China, aliada de Pyongyang, após o teste de um míssil balístico intercontinental (ICBM) Hwasong-15 em 29 de novembro.
Descrevendo a Coreia do Norte como "o exemplo mais trágico do mal no mundo moderno", a embaixadora americana Nikki Haley afirmou que as novas sanções "refletem a indignação internacional com as ações do regime de Kim Jong-Un".
A Coreia do Norte justifica o desenvolvimento de seus programas militares proibidos pelas Nações Unidas pela ameaça que representa os Estados Unidos à sua própria existência.
A resolução de sexta-feira visa principalmente os expatriados norte-coreanos, que deverão ser enviados para casa até o final de 2019. O projeto previa, inicialmente, um prazo de 12 meses, mas a Rússia interveio para prorrogar o prazo.
Dezenas de milhares de norte-coreanos vivem no exterior, principalmente na Rússia e na China, para trabalhar e gerar uma valiosa moeda estrangeira para seu país de origem. Segundo a ONU, eles trabalham em "condições próximas da escravidão".
Mais importante ainda, o texto endurece as disposições das resoluções anteriores, em particular através da redução do fornecimento à Coreia do Norte de petróleo bruto e refinado, a maioria proveniente da China.
E se Pyongyang realizar novos testes nucleares ou disparar novos mísseis, o Conselho "agirá para reduzir ainda mais as exportações de petróleo para a Coreia do Norte", adverte a resolução.
No entanto, está claro que as sanções e ameaças não dissuadiram Pyongyang em seu projeto atômico.
A Coreia do Norte voltou a afirmar neste domingo que continuará seus programas com "ainda mais vigor para atingir um equilíbrio de poder com os Estados Unidos".
"Se vocês acreditam que essas sanções inofensivas podem impedir a marcha vitoriosa do nosso povo que alcançou o objetivo histórico de desenvolver armas nucleares, não poderiam cometer um erro maior", insistiu o ministério das Relações Exteriores.
"Os Estados Unidos e os marionetes que os seguem não devem esquecer o status ainda melhorado de nossa Nação, que é uma Nação que pode representar uma ameaça nuclear real para os Estados Unidos", ressalta.
Os especialistas concordam que os programas militares de Pyongyang fizeram progressos reais. Mas duvidam que o país domine a tecnologia necessária para levar um míssil de volta à atmosfera.