Mundo

Coreia do Norte se prepara para desmantelar centro nuclear

No mês passado, o Norte informou que iria destruir as instalações de Punggye-ri, no nordeste do país, detonando os túneis de acesso

Coreia do Norte: jornalistas estrangeiros se dirigiam, nesta quarta-feira (23), para a costa leste, onde acontece uma cerimônia para desmantelar seu centro de testes nucleares (KCNA/Reuters)

Coreia do Norte: jornalistas estrangeiros se dirigiam, nesta quarta-feira (23), para a costa leste, onde acontece uma cerimônia para desmantelar seu centro de testes nucleares (KCNA/Reuters)

A

AFP

Publicado em 23 de maio de 2018 às 09h59.

Última atualização em 23 de maio de 2018 às 10h00.

Jornalistas estrangeiros se dirigiam, nesta quarta-feira (23), para a costa leste da Coreia do Norte, onde acontece uma cerimônia para desmantelar seu centro de testes nucleares, um gesto notório antes de uma histórica e ainda incerta cúpula com os Estados Unidos.

No mês passado, o Norte informou que iria destruir as instalações de Punggye-ri, no nordeste do país, detonando os túneis de acesso. O anúncio foi aplaudido por Washington e Seul.

Em Punggye-ri, foram realizados seis testes nucleares. O último, o mais potente até a data, aconteceu em setembro e teria sido o de uma bomba de hidrogênio.

O desmantelamento será nestas quarta e sexta-feiras, conforme as condições meteorológicas.

A Coreia do Norte apresentou esta medida como um gesto de boa vontade antes da cúpula histórica entre Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, prevista para 12 de junho, em Cingapura.

Mas a euforia que reinava após o anúncio desse encontro deu lugar para dúvidas.

Na semana passada, o Norte ameaçou com não participar da reunião e anulou as conversas com o Sul, acusando Washington de querer forçá-lo a renunciar de forma unilateral a seu arsenal nuclear. Na terça-feira, foi Trump que falou da possibilidade de adiar o encontro.

"Talvez não funcione para 12 de junho", disse Trump, no Salão Oval junto com seu colega sul-coreano, Moon Jae-in.

"Se não acontecer, talvez possa acontecer mais tarde. Talvez aconteça em outro momento", mencionando que é preciso haver "certas condições", sem especificar quais.

Terreno escorregadio

Mais tarde, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, buscou reduzir a pressão e sugeriu que as instruções não mudaram em relação aos preparativos.

"Continuamos trabalhando para 12 de junho", insistiu o chefe da diplomacia americana.

Washington exige uma desnuclearização "completa, verificável e irreversível" da Coreia do Norte. Mas Pyongyang sempre afirmou que não renunciará às armas atômicas, desenvolvidas para se proteger das ameaças americanas de invasão.

Koo Kab-woo, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos em Seul, disse à AFP que se trata de um "terreno escorregadio".

"Trump quer uma desnuclearização rápida, que aconteceria durante seu primeiro mandato. Mas, se for o caso, tem de fornecer rapidamente à Coreia do Norte as garantias correspondentes para sua segurança".

Os especialistas estão divididos sobre o fato de se as instalações ficarão totalmente inutilizáveis. Alguns deles estimam que talvez já estejam, enquanto outros acreditam que um centro possa voltar a se ativar facilmente.

Vários especialistas consideram, porém, que este anúncio de Pyongyang sem pedir nada em troca é um gesto que merece destaque.

Para Go Myong-hyun, especialista do Instituto Asan de Estudos Políticos, os dois lados tentam abordar a cúpula da posição mais forte.

O desmantelamento diante das câmeras estrangeiras permitirá a Pyongyang ganhar pontos em nível internacional, ainda que a cúpula fracasse.

"A Coreia do Norte poderá dizer para a comunidade internacional que fez todo o possível para conseguir a desnuclearização por meio das negociações, mas que não conseguiu por culpa das pressões americanas", disse.

Repórteres de China, Rússia, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Coreia do Sul foram convidados a cobrir o desmonte das instalações. Partiram nesta quarta-feira da cidade norte-coreana de Wonsan, de acordo com os tuítes de vários jornalistas.

A Agence France-Presse (AFP), assim como outros grandes veículos internacionais, não foi convidada para cobrir o evento.

Acompanhe tudo sobre:Coreia do NorteTestes nucleares

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru