Mundo

Coreia do Norte explode bomba 5 vezes mais potente que a anterior

O governo norte-coreano afirma que explodiu uma bomba de hidrogênio. A explosão provocou um terremoto de magnitude 6,3 na península coreana

Coreia do Norte: Bomba de hidrogênio é novo desafio para Trump e comunidade internacional (KCNA/Reuters)

Coreia do Norte: Bomba de hidrogênio é novo desafio para Trump e comunidade internacional (KCNA/Reuters)

A

AFP

Publicado em 3 de setembro de 2017 às 10h23.

Última atualização em 3 de setembro de 2017 às 11h52.

A Coreia do Norte realizou, neste domingo (3), seu sexto teste nuclear, o mais poderoso até à data, e afirmou ter testado uma bomba de hidrogênio, em um novo desafio para Donald Trump, que criticou ações "hostis e perigosas".

O presidente americano, que havia prometido "o fogo e a cólera" se Pyongyang continuasse a proferir ameaças contra Washington e seus aliados, considerou ainda que a política de "apaziguamento" com a Coreia do Norte está fadada ao fracasso.

Ele irá se reunir neste domingo com a sua equipe de Segurança Nacional, segundo a Casa Branca, enquanto o Tesouro americano vai preparar uma série de novas sanções.

Em um primeiro momento, as agências geológicas estrangeiras detectaram um terremoto de 6,3 de magnitude perto do principal local de testes nucleares da Coreia do Norte, em Punggye-Ri, no nordeste do país.

Logo em seguida, Tóquio confirmou se tratar de um teste nuclear. E algumas horas depois, uma apresentadora da televisão pública norte-coreana anunciou, em um tom de júbilo, "o teste de uma bomba de hidrogênio" que foi "um perfeito sucesso".

A bomba, "de poder sem precedentes", marca "uma ocasião muito importante, a de termos alcançado o objetivo final de fortalecer a força nuclear do Estado", acrescentou.

A comunidade internacional não tardou a reagir. "A Coreia do Norte realizou um teste nuclear importante. Suas palavras e suas ações continuam muito hostis e perigosas para os Estados Unidos", escreveu Trump no Twitter.

Pequim, Moscou, Tóquio, Seul e Paris condenaram esta nova violação das múltiplas resoluções da ONU exigindo o fim dos programas nuclear e balístico da Coreia do Norte.

A Rússia acrescentou um apelo à calma, enquanto o presidente sul-coreano, Moon Jae-In, pediu "uma punição mais forte", incluindo sanções da ONU, contra o governo vizinho.

Já a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Emmanuel Macron defenderam "um endurecimento" das sanções da União Europeia contra o regime comunista.

Em uma conversa por telefone, os dois líderes consideraram "que a última provocação do líder em Pyongyang atingiu uma nova dimensão", segundo um comunicado.

Poucas horas antes do teste, a televisão estatal norte-coreana KCNA exibiu imagens mostrando o líder norte-coreano inspecionando o que estava sendo apresentado como uma bomba H (de hidrogênio ou termonuclear) que poderia ser instalada no novo míssil balístico intercontinental norte-coreano.

Muito mais potente

As bombas H são muito mais poderosas do que as bombas atômicas convencionais que a Coreia do Norte já testou.

O dispositivo é "uma bomba termonuclear muito poderosa fabricada por nossos esforços e tecnologia", indicou a KCNA. Kim ressaltou, por sua vez, que "todos os componentes desta bomba H foram feitos 100% nacionalmente", de acordo com a agência.

De acordo com especialistas sul-coreanos, o poder do novo teste foi de cinco a seis vezes maior do que no teste anterior, em setembro de 2016. Na época, a Coreia do Norte detonou uma bomba de 10 quilotons.

Independentemente do poder de deflagração, Jeffrey Lewis, do site armscontrolwonk.com, estimou se tratar de uma arma termonuclear, o que constitui um passo notável nos programas de mísseis nucleares e balísticos da Coreia do Norte, proibidos pela comunidade internacional.

Um terremoto de 4,6 de magnitude também abalou a Coreia do Norte, menos de dez minutos após o primeiro tremor, segundo o Centro chinês de vigilância sismológica. Ele apresentou a hipótese de "colapso", o que sugere que a deflagração pode ter causado o desmoronamento da rocha acima do local da explosão.

A Coreia do Norte nunca escondeu o fato de que seus programas proibidos visavam o desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais capazes de transportar explosivos nucleares ao continente americano.

O país defende sua estratégia militarista pela ameaça que representa à sua sobrevivência o arsenal americano.

Desastre

Este teste, sem dúvida, agravará as tensões já muito elevadas na península.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) denunciou o teste, "num desrespeito completo às demandas repetidas da comunidade internacional".

O Conselho de Segurança da ONU já impôs sete blocos de sanções contra o Norte para tentar forçá-lo a abandonar seus programas proibidos.

Neste domingo, o abalo sísmico gerado pela explosão foi sentido em áreas do nordeste da China, fronteira com a Coreia do Norte, de acordo com a imprensa chinesa e internautas locais que expressaram suas preocupações.

"Ao fazer este teste, (Pyongyang) semeia o desastre, é uma caminhada passo a passo em direção a guerra ou destruição", denunciou um internauta na China.

Neste contexto, A China acionou, neste domingo, um plano de emergência para controlar o nível de radiação ao longo de sua fronteira com a Coreia do Norte, de acordo com o ministério chinês do Meio Ambiente.

A situação na península sofreu uma primeira grande escalada em julho, quando Pyongyang realizou dois testes bem-sucedidos de um míssil balístico intercontinental ou ICBM, o Hwasong-14, que poderia ameaçar o território americano.

Analistas estrangeiros haviam expressado dúvidas sobre a capacidade de Pyongyang de fabricar uma bomba H e miniaturizá-la o suficiente para instalá-la em um míssil.

Pyongyang acaba de ameaçar de disparar mísseis perto da Ilha de Guam, um território americano no Oceano Pacífico, e na semana passada lançou um míssil de alcance intermediário que caiu no Pacífico depois de sobrevoar o Japão.

Acompanhe tudo sobre:Armas nuclearesCoreia do NorteDonald TrumpEstados Unidos (EUA)MísseisRússiaTestes nucleares

Mais de Mundo

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica