Mundo

Coreia do Norte permite por lei lançar ataques nucleares preventivos

O anúncio ocorre em meio a crescentes tensões na península coreana, onde Pyongyang realizou uma série sem precedentes de testes de armas este ano

Kim Jong Un: Coreia do Norte permite por lei lançar ataques nucleares preventivos (FP PHOTO/KCNA VIA KNS/AFP)

Kim Jong Un: Coreia do Norte permite por lei lançar ataques nucleares preventivos (FP PHOTO/KCNA VIA KNS/AFP)

A

AFP

Publicado em 9 de setembro de 2022 às 07h32.

Última atualização em 9 de setembro de 2022 às 07h32.

A Coreia do Norte aprovou uma lei que autoriza o lançamento de ataques nucleares preventivos e declara seu programa de armas atômicas "irreversível", informou a imprensa estatal nesta sexta-feira, 8.

O anúncio ocorre em meio a crescentes tensões na península coreana, onde Pyongyang realizou uma série sem precedentes de testes de armas este ano e culpou Seul pelo surto de covid-19 em seu território.

Receba as notícias mais relevantes do Brasil e do mundo toda manhã no seu e-mail. Cadastre-se na newsletter gratuita EXAME Desperta.

O texto promulgado permite que a Coreia do Norte lance um ataque nuclear preventivo "automaticamente" e "destrua imediatamente forças hostis" se uma força estrangeira representar uma ameaça iminente a Pyongyang, disse a agência de notícias oficial KCNA.

Além disso, com a nova lei, "o status de nosso país como um Estado com armas nucleares se torna irreversível", disse o líder Kim Jong Un, segundo a KCNA.

Em julho, Kim afirmou que o país estava "preparado para mobilizar" as capacidades nucleares em uma eventual guerra contra Estados Unidos e Coreia do Sul.

Além disso, ele reiterou que o país nunca vai prescindir das armas nucleares necessárias para contra-atacar a hostilidade dos Estados Unidos que, segundo Kim, busca o "colapso" de seu poder a qualquer momento.

"Não existe em absoluto a possibilidade de renunciar primeiro às armas nucleares. E não há desnuclearização nem negociação", insistiu na quinta-feira durante um discurso no Parlamento, segundo a KCNA.

Programa nuclear é inegociável

A nova lei mostra a confiança de Kim nas competências militares e nucleares do país, incluindo os mísseis balísticos intercontinentais com capacidade de atingir o território dos Estados Unidos, afirmou Cheong Seong-chang, do Centro de Estudos da Coreia do Norte no Instituto Sejong.

A lei "justifica abertamente o uso do poder nuclear por parte de Pyongyang" em caso de confronto militar, inclusive em resposta a ataques não atômicos, explica Cheong.

A Coreia do Norte executou uma série de testes militares desde janeiro, incluindo o do primeiro míssil balístico intercontinental de pleno alcance desde 2017.

Estados Unidos e a Coreia do Sul alertaram repetidamente que Pyongyang prepara o que seria seu sétimo teste nuclear.

Apesar das posturas mais firmes diante de Pyongyang, o novo presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, propôs no mês passado um plano de ajuda para o vizinho do Norte em troca do abandono do programa nuclear.

Mas o regime comunista rejeitou a proposta, alegando que era o "cúmulo do absurdo" e descartou uma negociação com Seul.

Para Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos, a nova lei reafirma a postura de Pyongyang de que seu programa nuclear não está mais na mesa de negociação.

"Provavelmente Pyongyang estreitará os laços com a China e a Rússia contra Washington e (...) executará o sétimo teste nuclear em breve", disse à AFP.

No fim de agosto, Estados Unidos e Coreia do Sul organizaram os maiores exercícios militares conjuntos desde 2018 ante a ameaça nuclear crescente da Coreia do Norte.

Washington é um grande aliado de Seul na área de segurança. Quase 28.500 soldados americanos estão presentes na Coreia do Sul.

Vacinação

Além da questão nuclear, a imprensa estatal anunciou que a Coreia do Norte começará a vacinar sua população contra a covid-19 em novembro. Esta é a primeira vez que o país anuncia oficialmente um plano para imunizar sua população desde o início da pandemia.

De acordo com agência KCNA, o líder Kim Jong Un também recomendou o uso de máscaras a partir de novembro.

Os especialistas do país acreditam que os níveis de anticorpos na população adquiridos a partir do surto da doença relatado em maio começarão a diminuir em outubro, disse Kim.

As informações da KCNA não especificam quais vacinas serão utilizadas.

De acordo com um centro de estudos sul-coreano, Pyongyang rejeitou no ano passado as vacinas anti-covid da AstraZeneca que integravam o programa Covax da Organização Mundial da Saúde (OMS), alegando o receio de efeitos colaterais.

O balanço oficial do regime norte-coreano registra apenas 74 mortes na pandemia, um dado que provoca muitas dúvidas entre cientistas e na OMS.

Acompanhe tudo sobre:Armas nuclearesCoreia do NorteGuerras

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru