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Coreia do Norte oferece mais negociações aos EUA após fracasso de Hanói

O resultado do encontro em Hanói ficou muito abaixo das expectativas. Analistas esperavam avanços concretos, mas negociações devem seguir

O presidente vietnamita, Nguyen Phu Trong,e Kim Jong Un: mandatários têm reunião bilateral no Palácio Presidencial em Hanói, no Vietnã, no dia 1 de março de 2019 (Noel Celis/Pool/Reuters)

O presidente vietnamita, Nguyen Phu Trong,e Kim Jong Un: mandatários têm reunião bilateral no Palácio Presidencial em Hanói, no Vietnã, no dia 1 de março de 2019 (Noel Celis/Pool/Reuters)

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AFP

Publicado em 1 de março de 2019 às 07h08.

A Coreia do Norte ofereceu nesta sexta-feira mais negociações ao governo dos Estados Unidos, no momento em que os dois lados tentam manter uma porta aberta sem abandonar a defesa de suas posições na reunião de cúpula de Hanói, que acabou sem um acordo de desnuclearização do regime de Pyongyang.

A reunião entre o líder do Norte, Kim Jong Un, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acabou de modo abrupto na quinta-feira, sem um comunicado conjunto ou uma cerimônia de assinatura.

Cada lado tentou culpar o outro pelo resultado do encontro. Trump afirmou que Pyongyang solicitou a retirada de todas as sanções por seus programas de armas proibidas.

Mas em uma incomum entrevista coletiva, o ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte disse que o país havia solicitado a flexibilização de algumas sanções em troca do fechamento de "todas as instalações de produção nuclear" do complexo de Yongbyon.

Apesar das divergências, nesta sexta-feira a agência oficial de notícias norte-coreana KCNA afirmou que os dois governantes tiveram uma "conversa construtiva e sincera".

As relações entre os dois países, beligerantes na tecnicamente inacabada guerra da Coreia, foram "caracterizadas pela desconfiança e o antagonismo" durante décadas, afirmou a KCNA, e existem "dificuldades inevitáveis" no caminho de uma nova relação.

Mas a reunião de Hanói foi "exitosa" e Kim prometeu a Trump outro encontro, concluiu a KCNA.

De maneira similar, Trump afirmou antes de deixar a capital vietnamita que esperava encontrar Kim novamente

"Prefiro fazer do modo certo do que fazer rapidamente", disse Trump sobre o acordo, ao mesmo tempo que reafirmou sua "relação estreita" com Kim Jong Un.

"Bilhões de dólares"

O resultado do encontro em Hanói ficou muito abaixo das expectativas. Analistas esperavam avanços concretos depois da primeira reunião de Singapura, há oito meses, que terminou apenas com um compromisso vago de Kim de trabalhar "para a desnuclearização completa da península da Coreia".

De acordo com altos funcionários do governo americano, na semana anterior à reunião no Vietnã, os norte-coreanos exigiram a suspensão de todas as sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança da ONU a Pyongyang desde março de 2016, que equivalem a "bilhões de dólares".

"Isto teria nos colocado em uma posição de subsidiar o desenvolvimento em curso das armas de destruição em massa da Coreia do Norte", disse uma fonte americana.

"Em suas conversas, o presidente desafiou os norte-coreanos a apostar por mais. O presidente estimulou o presidente Kim a apostar tudo. E nós iríamos também... estávamos preparados para fazer isto também", disse.

Apesar do abismo que separa as partes, o funcionário, como Trump, tentou manter um tom positivo.

"Não nos aproximamos o suficiente nesta reunião, mas nos sentimos estimulados".

"Uma montanha russa"

Os analistas concordaram que o fracasso de Hanói não significa o fim das negociações.

"Não acredito que foi um desastre e não encerra o processo de diálogo", disse Chris Green, do International Crisis Group.

"Trump não poderia se dar o luxo de fazer um negócio ruim em Hanói. Acredito que é benéfico para ele sair com a imagem de alguém duro", completou.

Outros destacaram a falta de preparo antes do encontro, com duas partes muito afastadas e incapazes de resolver as divergências a tempo.

A ex-embaixadora americana na Coreia do Sul Kathleen Stephens afirmou que o impasse "revela a importância das discussões a nível de trabalho".

Stephens citou como exemplo o fato de Kim ter "enfatizado mais" as sanções do que muitos previram.

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