Militar na Coreia do Sul: teste feito pelo Norte foi identificado pelo Sul a partir de um terremoto artificial de 5,3 graus gerado pela explosão (Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 11 de setembro de 2016 às 07h00.
Última atualização em 12 de julho de 2017 às 15h49.
São Paulo – O mundo acordou na última sexta-feira com a notícia de que a Coreia do Norte havia realizado mais um teste nuclear, o seu quinto desde 2006. A intensidade da explosão, no entanto, foi forte o suficiente para gerar um terremoto artificial de 5,3 graus de magnitude.
Estimativas sugerem que o teste tenha alcançado os 10 quilotons e que tenha sido o mais forte já feito pelo país. Para efeitos de comparação, a bomba Little Boy, que atingiu a cidade de Hiroshima em 1945, tinha um poderio de 15 quilotons.
A data escolhida pelo regime de Kim Jong-un para essa demonstração de força não foi à toa: 9 de setembro, aniversário de 68 anos da fundação da Coreia do Norte.
O ato deixou a comunidade internacional em alerta, especialmente por conta da afirmação dos norte-coreanos de que estariam preparados para montar uma ogiva nuclear em um míssil balístico. Aliados como Rússia e China condenaram os testes, enquanto a ONU convocou uma reunião de emergência com o objetivo de avaliar a resposta adequada a ser dada, uma vez que essa não é a primeira violação do país nesse assunto.
Na visão de Alexandre Uehara, diretor acadêmico das Faculdades Integradas Rio Branco e especialista em Ásia, essa resposta é um problema delicado para a comunidade internacional. Nos últimos anos, não faltaram sanções ao país a cada violação.
No entanto, explica Uehara, o aspecto nuclear da Coreia do Norte vem sendo usado pelo regime como uma de moeda de troca por meio do qual se pressiona pelo fim das sanções econômicas já existentes. Só que que as potências estão quase sem alternativas em relação ao que mais sancionar sem que a população seja afetada ainda mais.
“Não há uma pessoa de confiança na Coreia do Norte que possa fazer os acordos seguirem adiante”, explicou ele em entrevista a EXAME.com “e essa instabilidade é muito preocupante”, pontuou Uehara, que prevê que o agravamento ainda maior dessa crise possa transbordar as fronteiras da península da Coreia.
A Coreia do Norte está cercada de países que também conduzem seus programas nucleares, como China, a Índia, isso sem falar na Rússia e nos Estados Unidos. “Com a instabilidade na Coreia do Norte, na ocasião de algum conflito iniciado por ela, teríamos um problema nuclear global”, prevê Uehara.
Para a ICAN (Campanha Internacional pela Abolição de Armas Nucleares), o medo de que o problema da Coreia do Norte acabe desencadeando uma crise nuclear mundial traz à tona a necessidade de o mundo debater a proibição do uso, produção, testes e armazenamento de armas nucleares.
Embora a Coreia do Norte seja o ator da vez nos holofotes dessa discussão, a entidade lembra que existem hoje mais de 15 mil armas nucleares espalhadas por todo o mundo. “O teste da Coreia do Norte foi um aviso. É um lembrete forte da volatilidade de um mundo armado com armas nucleares. Nosso dever é rejeitar essas armas de forma inequívoca”, pontuou a ICAN.
Abaixo, confira qual a situação dos arsenais e armas nucleares mundo afora.