Coreia do Norte: as tensões não param de aumentar na península desde o teste nuclear de 6 de janeiro (REUTERS/Kim Hong-Ji)
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2016 às 10h50.
A Coreia do Norte lançou dois mísseis balísticos de médio alcance nesta sexta-feira, em um contexto de tensões militares que crescem na península, dividida após o quatro teste nuclear norte-coreano.
Estes lançamentos ocorrem dias após o anúncio feito pelo líder norte-coreano Kim Jong-Un de um teste iminente de uma ogiva nuclear e de uma série de lançamentos de mísseis balísticos.
As tensões não param de aumentar na península desde o teste nuclear de 6 de janeiro, seguido no dia 7 de fevereiro pelo lançamento de um foguete de longo alcance considerado um teste dissimulado de míssil balístico pela Coreia do Norte.
Autoridades americanas de Defesa explicaram ter rastreado o lançamento de dois foguetes, ambos mísseis de médio alcance Rodong, a partir de veículos de lançamento móveis.
O Rodong é uma versão melhorada do míssil Scud, de um alcance máximo de 1.300 km.
Segundo autoridades militares sul-coreanas, o primeiro míssil foi lançado a partir de Sukchon, sudoeste da Coreia do Norte, às 05h55 (17h55 de quinta-feira, horário de Brasília) e percorreu 800 km até cair no mar do Japão.
O segundo foi lançado 20 minutos mais tarde e desapareceu rapidamente dos radares.
Sanções
Estes lançamentos ocorrem quando o presidente americano, Barack Obama, acaba de assinar um decreto que autoriza a aplicação das novas sanções adotadas no início de março pelo Conselho de Segurança da ONU como represália pelo teste nuclear e pelo lançamento de foguetes norte-coreanos.
Pyongyang ameaça quase diariamente há duas semanas com ataques nucleares Seul e Washington, que estão realizando exercícios militares conjuntos em grande escala que o Norte considera um ensaio geral de uma invasão de seu território.
Para manifestar seu descontentamento, a Coreia do Norte lançou dois mísseis de curto alcance em 10 de março no mar do Japão.
Após alguns dias, Kim Jong-un anunciou que a Coreia do Norte testaria rapidamente a explosão de uma ogiva nuclear e lançaria "vários tipos" de mísseis balísticos.
As resoluções da ONU proíbem a Coreia do Norte de desenvolver qualquer programa de armamento nuclear ou balístico. No entanto, os lançamentos de projéteis de curto alcance não costumam gerar reações.
Um Rodong é considerado mais provocativo, diante de seu maior alcance, capaz de atingir a maior parte do território japonês. O último lançamento de um Rodong, também o mar do Japão foi realizado em março de 2014.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, declarou ter ordenado ao seu governo a investigação do lançamento desta sexta-feira e a comprovação da segurança marítima na zona onde o projétil afundou.
O Departamento americano de Estado convocou Pyongyang a se abster de qualquer gesto que "agrave mais as tensões".
Tecnologia ICBM
A Coreia do Norte dispõe certamente de um pequeno arsenal de armas nucleares, mas sua capacidade de apontar um alvo escolhido é tema de debate.
Muitos especialistas pensam que está longe de contar com um míssil balístico intercontinental (ICBM) que possa atingir o continente americano.
Quando anunciou na terça-feira os testes de uma ogiva nuclear, Kim Jong-Un supervisionava um exercício de simulação da tecnologia relacionada à entrada na atmosfera de uma ogiva nuclear, necessária para realizar um ataque de longo alcance.
Segundo a imprensa norte-coreana, o teste foi um sucesso e garante que a ogiva nuclear pode suportar a fase de entrada na atmosfera, etapa crucial para desenvolver uma verdadeira força de ataque nuclear.
A Coreia do Sul duvida que o Norte domine a tecnologia de entrada na atmosfera, mas se mostrou menos cética quando o número um norte-coreano anunciou que Pyongyang conseguiu miniaturizar uma ogiva nuclear com o objetivo de poder montá-la em um míssil.
A presidente sul-coreana considerou na terça-feira que as ameaças incessantes do Norte refletiam um "estado de crise" ligado ao seu crescente isolamento diplomático e econômico.
A Coreia do Norte nunca testou um ICBM, mas vários especialistas estimam que estaria prestes a fazê-lo e advertem que isso representaria uma perigosa escalada.