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Coreia do Norte e Coreia do Sul restabelecem canais de comunicação

A restauração ocorre poucos dias depois de Pyongyang despertar preocupação internacional com uma série de testes de mísseis no período de algumas semanas

Coreia do Norte e Coreia do Sul: as duas Coreias afirmaram em 27 de julho que todas as linhas haviam sido restauradas. O anúncio conjunto, que coincidiu com o aniversário do fim da Guerra da Coreia (Issei Kato/Reuters)

Coreia do Norte e Coreia do Sul: as duas Coreias afirmaram em 27 de julho que todas as linhas haviam sido restauradas. O anúncio conjunto, que coincidiu com o aniversário do fim da Guerra da Coreia (Issei Kato/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de outubro de 2021 às 13h43.

Coreia do Norte e Coreia do Sul restabeleceram nesta segunda-feira, 4, a linha de comunicação transfronteiriça, que estava interrompida desde agosto por decisão de Pyongyang, informou Seul. O ministério sul-coreano da Unificação afirmou em comunicado que oficiais dos dois países conversaram por telefone durante esta manhã.

A restauração ocorre poucos dias depois de Pyongyang despertar preocupação internacional com uma série de testes de mísseis no período de algumas semanas, o que levou o Conselho de Segurança (CS) da ONU a realizar uma reunião de emergência. "Com a restauração da linha de comunicação Sul-Norte, o governo (de Seul) avalia que uma base foi estabelecida para a recuperação da relação intercoreana", acrescentou a pasta. "O governo espera (...) retomar rapidamente o diálogo e iniciar discussões práticas para recuperar as relações intercoreanas", destaca a nota.

Horas antes, o líder norte-coreano Kim Jong-Un "expressou a intenção de restaurar as linhas de comunicação Norte-Sul", cortadas há dois meses em protesto contra os exercícios militares conjuntos entre Coreia do Sul e EUA, informou a agência estatal KCNA.

As duas Coreias afirmaram em 27 de julho que todas as linhas haviam sido restauradas. O anúncio conjunto, que coincidiu com o aniversário do fim da Guerra da Coreia, foi o primeiro fato positivo desde 2018 quando uma série de reuniões entre Kim e o presidente do Sul, Moon Jae-in, terminaram sem qualquer avanço significativo. Mas a aproximação foi interrompida duas semanas depois, quando o Norte parou de atender às ligações em agosto, em resposta a exercícios militares do Sul com os Estados Unidos.

Desde então, o Norte executou uma série de testes de mísseis, o que provocou grande preocupação na comunidade internacional. Em setembro, o país lançou um míssil de cruzeiro de longo alcance, o que anunciou como um míssil hipersônico, que o Sul afirmou que está na fase inicial de desenvolvimento. Na sexta-feira passada dia 1º, Pyongyang anunciou o lançamento de um novo míssil antiaéreo.

A Coreia do Norte criticou no domingo (3) a reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para abordar seus testes e acusou os países membros de brincar com uma "bomba-relógio".

O analista Park Won-gon, professor de Estudos Norte-Coreanos na Ewha Womans University, minimizou a importância da restauração da linha de comunicação, que representa apenas um gesto "simbólico". "Mesmo se isto levar a negociações, poderíamos entrar em uma fase na qual a Coreia do Norte participa do diálogo, mas continua fazendo provocações de forma simultânea", disse.

Linhas diretas

As linhas diretas são uma ferramenta rara para fazer a ponte entre os rivais. O Ministério da Defesa de Seul disse que as linhas diretas contribuíram para evitar confrontos inesperados e que a sua reabertura conduziria, espera-se, a um abrandamento substancial da tensão militar.

O Ministério da Unificação, responsável pelos assuntos intercoreanos, manifestou a esperança de poder retomar em breve o diálogo sobre formas de recuperar as relações e promover a paz.

Ainda não ficou claro se a sua reconexão facilitaria qualquer regresso significativo às conversações destinadas a desmantelar os programas nucleares e de mísseis do Norte em troca do alívio das sanções dos EUA.

Em Washington, um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano afirmou que apoia fortemente a cooperação intercoreana, chamando as linhas reconectadas de "uma componente importante na criação de um ambiente mais estável na Península Coreana".

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