Nesta foto tirada em 18 de fevereiro de 2023 e divulgada pela agência de notícias oficial da Coreia do Norte KCNA em 19 de fevereiro de 2023, um míssil balístico intercontinental Hwasong-15 (ICBM) é disparado do Aeroporto Internacional de Pyongyang (Cat Barton y Sunghee Hwang/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 19 de fevereiro de 2023 às 10h52.
A Coreia do Norte disse neste domingo (19) que lançou um míssil balístico intercontinental (ICBM) como um alerta aos Estados Unidos e à Coreia do Sul, e que esta manobra "surpresa" demonstrou a capacidade do país de realizar um "contra-ataque nuclear mortal".
Em resposta, os Estados Unidos e a Coreia do Sul realizaram exercícios aéreos conjuntos envolvendo um bombardeiro estratégico e caças furtivos, de acordo com Seul.
O líder norte-coreano, Kim Jong Un, ordenou o "exercício de lançamento" surpresa na manhã de sábado. Um míssil Hwasong-15 foi disparado do aeroporto de Pyongyang à tarde, segundo a agência de notícias estatal KCNA. A Coreia do Norte testou esta arma pela primeira vez em 2017.
O exército sul-coreano disse ter detectado um lançamento de ICBM no sábado às 17h22, horário local (05h22 no horário). Segundo o governo japonês, ele voou 66 minutos e seria capaz de atingir qualquer ponto do continente americano.
As autoridades norte-coreanas elogiaram o teste de armas, o primeiro em sete semanas, destacando "a capacidade de guerra das unidades ICBM que estão prontas para um contra-ataque poderoso e móvel", segundo a KCNA.
O lançamento é "prova clara" da confiabilidade da "poderosa dissuasão nuclear" da Coreia do Norte, acrescentou a KCNA.
O disparo foi condenado pela Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão, que garantiu que o aparelho caiu na sua Zona Econômica Exclusiva (ZEE), bem como pelo G7 e pela União Europeia (UE).
O exercício ocorreu quando a Coreia do Sul e os Estados Unidos se preparam para realizar um exercício na próxima semana em Washington para saber o que fazer se Pyongyang usar armas nucleares.
Isso atraiu a ira da Coreia do Norte, que na sexta-feira ameaçou uma resposta "sem precedentes" ao que chamou de preparativos para a guerra.
Segundo o especialista em segurança americano Ankit Panda, o disparo de sábado é de considerável importância porque "foi ordenado no mesmo dia, portanto não é um 'teste' tradicional, mas um exercício".
"Haverá outros exercícios desse tipo", acrescentou.
Park Won-gon, professor da Universidade de Ewha, disse que é a primeira vez que Pyongyang faz um relato detalhado desde a ordem de disparo até o lançamento.
Este teste "mostra que todas essas armas são utilizadas para o combate real e prontas para serem lançadas a qualquer momento", disse à AFP.
Para Soo Kim, ex-analista da CIA, as nove horas entre a ordem do líder e o lançamento são "muito tempo". Segundo ela, Pyongyang poderia enfrentar "maiores desafios" se realizasse um lançamento em condições "realistas".
As relações entre as duas Coreias estão em um dos pontos mais baixos em anos, depois que o Norte se declarou uma potência nuclear "irreversível" e Kim pediu um aumento "exponencial" na produção de armas, incluindo armas nucleares táticas.
Em resposta, o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, procurou intensificar a cooperação de segurança com os Estados Unidos, com mais exercícios militares conjuntos.
A porta-voz norte-coreana e irmã de Kim, Kim Yo Jong, disse neste domingo que as ações do Sul "exacerbam a situação mais a cada momento, destruindo a estabilidade regional", segundo a KCNA.
"Alerto que monitoraremos todos os movimentos do inimigo e tomaremos as contramedidas correspondentes, muito poderosas e avassaladoras, contra todos esses movimentos hostis contra nós", acrescentou.
O disparo e as declarações de Pyongyang apontam para o "início de provocações de alta intensidade por parte da Coreia do Norte", disse à AFP Park Won-gon, professor da Universidade de Ewha.
Segundo Park, a atitude de Pyongyang pode indicar que a situação interna piorou.
As autoridades sul-coreanas alertaram recentemente que o país pode enfrentar uma grave escassez de alimentos após o extenso isolamento devido à pandemia.