O líder norte-coreano, Kim Jong-un, ordenou que o Exército fique na fronteira para estar "plenamente pronto para o combate e lançar operações surpresa" (AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2015 às 07h05.
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, ordenou nesta sexta-feira o estado de alerta militar na fronteira, determinando que as tropas estejam prontas para o combate, após um duelo de artilharia com o Exército sul-coreano.
Segundo a agência oficial norte-coreana KCNA, Pyongyang tomou a decisão em uma reunião de emergência da poderosa Comissão Militar Central, presidida por Kim Jong-un, na quinta-feira.
Durante a reunião, Kim Jong-un ordenou que unidades combinadas do Exército Popular Coreano (KPA) estacionadas na fronteira entrem em alerta a partir das 17H00 local de sexta-feira (05H00 Brasília) para estar "plenamente prontas para o combate e lançar operações surpresa", destacou a KCNA.
A reunião da Comissão Militar norte-coreana ocorreu horas após um duelo de artilharia entre os exércitos nos dois lados da fronteira, que não provocou baixas.
A Coreia do Sul disparou dezenas de obuses em direção ao lado da fronteira da Coreia do Norte, em resposta a um suposto ataque com foguete de Pyongyang.
Um porta-voz sul-coreano revelou que o foguete foi lançado a partir da parte ocidental da fronteira que divide a península da Coreia.
"Em resposta, nosso exército disparou dezenas de obuses de 155 mm em direção ao local de onde o exército norte-coreano lançou o foguete".
"Reforçamos nosso nível de alerta e estamos seguindo atentamente os movimentos militares do Norte", completou o oficial.
Um funcionário do governo local do condado de Yeoncheon, 60 km ao norte de Seul, disse à AFP que os moradores de várias localidades próximas da fronteira receberam ordens para abandonar suas casas e seguir para refúgios.
Após o incidente, Pyongyang deu um ultimato de 48 horas a Seul para desmantelar os alto-falantes que fazem propaganda na fronteira, sob pena de se expor a ações militares.
O ultimato expira às 08H00 GMT (05H00 Brasília) de sábado.
O ministério sul-coreano da Defesa rejeitou o ultimato e garantiu que a difusão da propaganda continuará.
A porta-voz do departamento americano de Estado, Katrina Adams, advertiu que "estas provocações reforçam as tensões", e pediu a Pyongyang "que se abstenha de qualquer ação ou discurso que ameace a paz e a segurança da região".
"Os Estados Unidos seguem firmes em seu compromisso de defender seus aliados e manterão sua coordenação com a República da Coreia" (do Sul).
Na segunda-feira, milhares de soldados de Coreia do Sul e Estados Unidos iniciaram manobras em grande escala, simulando um ataque total da Coreia do Norte, que qualificou os exercícios de "declaração de guerra".
"Esses exercícios militares conjuntos em larga escala (...) são um pouco menos do que uma declaração de guerra", manifestou o Comitê para Reunificação Pacífica da Coreia.
O comitê alertou para o risco de um acidente militar, que poderia desencadear um conflito.
No início de agosto, dois soldados sul-coreanos ficaram mutilados na explosão de minas quando participavam de uma patrulha.
Seul acusou o Norte de colocar as minas, mas Pyongyang desmentiu qualquer envolvimento no incidente e ameaçou bombardear "indiscriminadamente" os alto-falantes de propaganda do Sul.